sábado, 29 de dezembro de 2007

AS PESSOAS SENSÍVEIS





As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão."

Ó vendilhões do templo
Ó constructores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.




Sophia de Mello Breyner Andresen
(Livro sexto)

domingo, 23 de dezembro de 2007

NATAL

Jesus, que era de condição divina, não reivindicou essa sua condição, pelo contrário, tomou a condição de servo, em tudo semelhante aos homens, identificando-se com eles, e rebaixando-se a si mesmo até à morte de cruz; por isso é que Deus o exaltou acima de tudo e de todos (cf Filp 2,6-8 e Ef 1,20-23).
Se Jesus fez isto, à Igreja - a quem ele entregou a continuação da sua obra ou missão ou tarefa - não resta outra hipótese. Tem de o fazer também e baixar à condição dos homens, não reivindicando direitos ou regalias, mas servindo.
Deus fez-se pobre para ajudar o pobre a ser rico, retomando assim a expressão de Paulo: "Nosso Senhor Jesus Cristo, que era rico, fez-se pobre para nos enriquecer com a sua pobreza" (Cor, 8.9).
A Igreja é um Natal continuado.
??? será??? gostava de ouvir alguém falar disto!!! desafio-vos ...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

VIDA E PAZ

Comunidade Vida e Paz (CVPaz) é uma organização de inspiração cristã, tutelada pelo Cardeal-Patriarca, sem fins lucrativos que se dedica a apoiar as pessoas sem-abrigo com o objectivo último de assistir a sua recuperação humana, tornando-os participantes activos na sociedade.
A CVPAZ é, também, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), com sede em Alvalade. Embora seja de inspiração cristã, a CVPaz congratula-se com o facto de ter o apoio de numerosas entidades e pessoas de diferente fé e diferente fundamentação humanística, que se lhe unem no sentido de prestar serviço à sociedade.
Todas as noites – sem excepção – três equipas de nove pessoas percorrem três voltas distintas na cidade de Lisboa, distribuindo uma ceia (sempre que possível, duas sandes, um bolo, leite e fruta) e roupa a cerca de 450 pessoas sem-abrigo.
Esta actividade diária permite ir conhecendo a situação em que cada pessoa está e assim tentar obter-lhes a ajuda que necessitam (pode ser médica, psicologia, jurídica, etc). O desenvolvimento desta relação permite dar a conhecer e encorajar estas pessoas para um programa de reinserção que lhes forneça as principais ferramentas para se transformarem em cidadãos autónomos e participantes.


in Agência ecclesia

Porque comentamos sempre o negativo, o insólito, o vergonhoso... e nunca comentamos o positivo louvando-o? Hoje no Evangelho: os cegos vêem, os coxos andam ... e a Boa Nova é anunciada aos pobres. A igreja de Jesus Cristo é, nesta notícia, portadora da realização da Boa Nova no já da história. ALELUIA. O alimento para os esfomeados é também o novo nome da paz! E uma das linguagems dos cristãos.

Deve ser efeito da proximidade do natal... hoje não fui maledicente!
Hoje também a comunicação social se rendeu ao positivo...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

PAI NATAL OU MENINO JESUS????

O consumismo do Natal deixa-me sempre uma interrogação: Presentes do menino Jesus ou do Pai Natal?
Fui há dias procurar uma imagem do Natal na internete... O pai natal ocupava toda a busca.
Quem sabe a história de S. Nicolau? e da Coca Cola?
A inversão de valores...
Vem aí o natal e temos lautas ceias e jantares de grupos e empresas. Haverá por aí empresas que convidem os funcionários que despediram durante o ano? Associações culturais que convidem pobres de cultura para a sua mesa? Eu também ainda não tive a coragem de o fazer! Mas é natal e até se fazem concertos da paz, da solidariedade... para não abusar da palavra NATAL! E muitos... de outros quadrantes de pensamento... nem querem ouvir falar do NATAL... mas porque é natal hão-de vir à televisão encher a boca com esta palavra...
E o sapatinho dos pobres, vazio, ainda à espera que o menino Jesus nasça... no próximo ano... descalço.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Tenho uma arma secreta

Este blog foi visitado pelo ministério da defesa...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Tenho uma arma secreta

Tenho uma arma secreta
ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta
mas dispara em linha recta
mais longe que os foguetões.

Não é Júpiter, nem Thor,
nem Snark ou outros que tais.
É coisa muito melhor
que todo o vasto teor
dos Cabos Canaverais.

A potência destinada
às rotações da turbina
não vem da nafta queimada,
nem é de água oxigenada
nem de ergóis de furalina.

Erecta, na noite erguida,
em alerta permanente,
espera o sinal da partida.
Podia chamar-se VIDA.
Chama-se AMOR, simplesmente.

António Gedeão

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Imagine-se pois...

Imagine-se, pois…Imagine-se um mundo em que a cada um fosse reconhecido o direito de dar, à sua medida, um contributo para a melhoria de vida dos seus coetâneos e que a isso se chamasse participação.Imagine-se um país em que a educação fosse uma responsabilidade primeira e reconhecida das famílias, a quem se reconheceria o direito e a legitimidade de escolherem o modelo educativo mais ajustado aos seus filhos; imagine-se um mundo em que os Estados reconhe-cessem às sociedades mais próximas dos cidadãos (as associações, instituições particulares de solidariedade social, etc.) o legítimo direito de serem veículo de promoção, apoio e acompanhamento das pessoas, não sendo nunca indevidamente substituídas pelo Estado ou sociedades superiores, antes sendo por estes apoiadas e subsidiadas; imagine-se um mundo em que o direito a ter iniciativa não ficasse no mundo de uns poucos que tudo gerem a seu bel-prazer, estabelecendo os preços que mais lhes convêm porque o monopólio assim lhes permite, mas fosse assegurado a todos com igual condição de oportunidade, e que a tudo isto se chamasse subsidiariedade.Imagine-se, ainda, um mundo e um tempo em que todos sentissem como seus os problemas de todos, em que as questões do bem-estar do mundo, do bem-estar das espécies, do bem-estar e direito a viver dos mais frágeis fosse problema de todos e nunca de apenas alguns, e que a isso se chamasse solidariedade…Imagine-se tudo isto… Imagine-se e deseje-se e concretize-se este mundo e estaremos a tornar real o mundo a que deveria aspirar, em primeiro lugar, a Igreja.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

SPE SALVI DE BENTO XVI - IV - a oração

Com alguma “esperança” das pequenas… continuo a ler esta encíclica. A realização da esperança no mundo de hoje, o como(?).
Uma coisa ficou para mim clara: nas 27 vezes que o papa fala de progresso, deixa uma imagem de desconfiança, de desencanto. O progresso parece mesmo causa de falta de esperança no mundo “torna-se evidente a ambiguidade do progresso. Não há dúvida que este oferece novas potencialidades para o bem, mas abre também possibilidades abissais de mal” (!!!).

Então onde se pode fazer a aprendizagem da esperança?

A Oração

Primeiro e essencial lugar de aprendizagem da esperança é a oração.” (…)”O homem foi criado para uma realidade grande ou seja, para o próprio Deus, para ser preenchido por Ele. Mas, o seu coração é demasiado estreito para a grande realidade que lhe está destinada. Tem de ser dilatado”. Esta oração não é isolamento," continua o papa:” não se torna livre só para Deus, mas abre-se também para os outros. De facto, só tornando-nos filhos de Deus é que podemos estar com o nosso Pai comum. Orar não significa sair da história e retirar-se para o canto privado da própria felicidade. O modo correcto de rezar é um processo de purificação interior que nos torna aptos para Deus e, precisamente desta forma, aptos também para os homens. Na oração, o homem deve aprender o que verdadeiramente pode pedir a Deus, o que é digno de Deus. Deve aprender que não pode rezar contra o outro. Deve aprender que não pode pedir as coisas superficiais e cómodas que de momento deseja – a pequena esperança equivocada que o leva para longe de Deus. Deve purificar os seus desejos e as suas esperanças. Deve livrar-se das mentiras secretas com que se engana a si próprio: Deus perscruta-as, e o contacto com Deus obriga o homem a reconhecê-las também. ” A oração do homem deve ser também comunitária, continua: “Para que a oração desenvolva esta força purificadora, deve, por um lado, ser muito pessoal, um confronto do meu eu com Deus, com o Deus vivo; mas, por outro, deve ser incessantemente guiada e iluminada pelas grandes orações da Igreja e dos santos, pela oração litúrgica, na qual o Senhor nos ensina continuamente a rezar de modo justo.” (…) “Assim tornamo-nos capazes da grande esperança e ministros da esperança para os outros: a esperança em sentido cristão é sempre esperança também para os outros. E é esperança activa, que nos faz lutar para que as coisas não caminhem para o « fim perverso ». É esperança activa precisamente também no sentido de mantermos o mundo aberto a Deus. Somente assim, ela permanece também uma esperança verdadeiramente humana.”

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

SPE SALVI DE BENTO XVI - III - o resumo do papa

"Resumamos",
diz o Pontífice no número 30 da encíclica:
O homem, na sucessão dos dias, tem muitas esperanças – menores ou maiores – distintas nos diversos períodos da sua vida. Às vezes pode parecer que uma destas esperanças o satisfaça totalmente, sem ter necessidade de outras. Na juventude, pode ser a esperança do grande e fagueiro amor; a esperança de uma certa posição na profissão, deste ou daquele sucesso determinante para o resto da vida. Mas quando estas esperanças se realizam, resulta com clareza que na realidade, isso não era a totalidade. Torna-se evidente que o homem necessita de uma esperança que vá mais além. Vê-se que só algo de infinito lhe pode bastar, algo que será sempre mais do que aquilo que ele alguma vez possa alcançar.” (…)
Na idade moderna “a esperança bíblica do reino de Deus foi substituída pela esperança do reino do homem, pela esperança de um mundo melhor que seria o verdadeiro « reino de Deus ». Esta parecia finalmente a esperança grande e realista de que o homem necessita.” (…)”Mas, com o passar do tempo fica claro que esta esperança escapa sempre para mais longe.” (…)”apesar de ser necessário um contínuo esforço pelo melhoramento do mundo, o mundo melhor de amanhã não pode ser o conteúdo próprio e suficiente da nossa esperança.” (…)
“Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir. Deus é o fundamento da esperança – não um deus qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto humano e que nos amou até ao fim: cada indivíduo e a humanidade no seu conjunto. O seu reino não é um além imaginário, colocado num futuro que nunca mais chega; o seu reino está presente onde Ele é amado e onde o seu amor nos alcança. Somente o seu amor nos dá a possibilidade de perseverar com toda a sobriedade dia após dia, sem perder o ardor da esperança, num mundo que, por sua natureza, é imperfeito. E, ao mesmo tempo, o seu amor é para nós a garantia de que existe aquilo que intuímos só vagamente e, contudo, no íntimo esperamos: a vida que é «verdadeiramente » vida.”

É estranho que em toda esta análise filosófica sobre a esperança não se faça referência ao Vaticano II (bem a poderia fazer) ou à lembrança de outros documentos papais (nomeadamente Paulo VI e a Populorum Progressio)!

SPE SALVI DE BENTO XVI - II

"Acima de tudo –diz o Papa– O que significa realmente ‘progresso’?". " torna-se evidente a ambiguidade do progresso. Não há dúvida que este oferece novas potencialidades para o bem, mas abre também possibilidades abissais de mal – possibilidades que antes não existiam."(…)
"Sem dúvida, a razão é o grande dom de Deus ao homem, e a vitória da razão sobre a irracionalidade é também um objectivo da fé cristã. Mas, quando é que a razão domina verdadeiramente? Quando se separou de Deus? Quando ficou cega a Deus? A razão inteira reduz-se à razão do poder e do fazer? Se o progresso, para ser digno deste nome necessita do crescimento moral da humanidade, então a razão do poder e do fazer deve de igual modo urgentemente ser integrada mediante a abertura da razão às forças salvíficas da fé, ao discernimento entre o bem e o mal" (…)

"Digamos isto de uma forma mais simples: o homem tem necessidade de Deus; de contrário, fica privado de esperança. (…)Por isso, a razão necessita da fé para chegar a ser totalmente ela própria: razão e fé precisam uma da outra para realizar a sua verdadeira natureza e missão.”
“O recto estado das coisas humanas, o bem-estar moral do mundo não pode jamais ser garantido simplesmente mediante as estruturas, por mais válidas que estas sejam.”
(…)
“Visto que o homem permanece sempre livre e dado que a sua liberdade é também sempre frágil, não existirá jamais neste mundo o reino do bem definitivamente consolidado. Quem prometesse o mundo melhor que duraria irrevogavelmente para sempre, faria uma promessa falsa; ignora a liberdade humana.”

Assim, continua Bento XVI: “Consequência de tudo isto é que a busca sempre nova e trabalhosa de rectos ordenamentos para as realidades humanas é tarefa de cada geração: nunca é uma tarefa que se possa simplesmente dar por concluída.” (…) “as boas estruturas ajudam, mas por si só não bastam. O homem não poderá jamais ser redimido simplesmente a partir de fora.”

Na Spe Salvi, Bento XVI assinala que “devemos constatar também que o cristianismo moderno, diante dos sucessos da ciência na progressiva estruturação do mundo, tinha-se concentrado em grande parte somente sobre o indivíduo e a sua salvação. Deste modo, restringiu o horizonte da sua esperança e não reconheceu suficientemente sequer a grandeza da sua tarefa – apesar de ser grande o que continuou a fazer na formação do homem e no cuidado dos fracos e dos que sofrem."

O Papa recorda em seguida que “Não é a ciência que redime o homem. O homem é redimido pelo amor. Isto vale já no âmbito deste mundo. ” (…) e acrescenta: “Neste sentido, é verdade que quem não conhece Deus, mesmo podendo ter muitas esperanças, no fundo está sem esperança, sem a grande esperança que sustenta toda a vida (cf. Ef 2,12). A verdadeira e grande esperança do homem, que resiste apesar de todas as desilusões, só pode ser Deus – o Deus que nos amou, e ama ainda agora « até ao fim », « até à plena consumação » (cf. Jo 13,1 e 19,30).”

Neste ponto o Sumo Pontífice interroga-se: “não será que, desta maneira, caímos de novo no individualismo da salvação? Na esperança só para mim, que aliás não é uma esperança verdadeira porque esquece e descuida os outros? Não. A relação com Deus estabelece-se através da comunhão com Jesus – sozinhos e apenas com as nossas possibilidades não o conseguimos. Mas, a relação com Jesus é uma relação com Aquele que Se entregou a Si próprio em resgate por todos nós (cf. 1 Tim 2,6). O facto de estarmos em comunhão com Jesus Cristo envolve-nos no seu ser « para todos », fazendo disso o nosso modo de ser. Ele compromete-nos a ser para os outros, mas só na comunhão com Ele é que se torna possível sermos verdadeiramente para os outros, para a comunidade.”

SPE SALVI DE BENTO XVI

Numa leitura, ainda superficial, da nova encíclica papal “SPE SALVI”sobre a esperança cristã, retenho desde já esta citação do nº 22

É necessária uma autocrítica da idade moderna feita em diálogo com o cristianismo e com a sua concepção da esperança. Neste diálogo, também os cristãos devem aprender de novo, no contexto dos seus conhecimentos e experiências, em que consiste verdadeiramente a sua esperança, o que é que temos para oferecer ao mundo e, ao contrário, o que é que não podemos oferecer. É preciso que, na autocrítica da idade moderna, conflua também uma autocrítica do cristianismo moderno, que deve aprender sempre de novo a compreender-se a si mesmo a partir das próprias raízes. A este respeito, pode-se aqui mencionar somente alguns indícios.”

Resta-nos saber se, como habitualmente, a dicotomia entre o saber e o agir não é o verdadeiro escolho….

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Quando sorrio...

Quando sorrio - faço alguém sorrir!
Quando sou feliz - faço alguém feliz!
Quando amo - faço alguém amar!
Quando cresço - faço alguém crescer!
E quando faço tudo isto
O mundo fica melhor!
E quando faço tudo isto
Sinto-me melhor!
E quando faço tudo isto
Recebo mais sorrisos!
Vejo mais felicidade!
Sinto-me mais amado!
E não preciso de dizer em que acredito...
Vê-se no meu olhar...

Missão da Igreja

A primeira missão da Igreja é o anúncio testemunhal de Jesus Cristo, que leva à fé cristã e à inerente adesão pessoal e comprometida ao mesmo Jesus Cristo, na Igreja…, adesão marcada pelo Baptismo e demais sacramentos da iniciação cristã. Proporcionar a todos os crentes, antes ou depois do Baptismo, esta iniciação, que se não reduz ao ensino da doutrina mas implica um processo catecumenal, é, com a evangelização, a tarefa mais urgente da Igreja. Com a educação da fé, e intimamente a ela ligada, vem a sua celebração, no sentido forte da palavra, particularmente na Liturgia. Esta, como diz o Concílio, é a meta para que tende a acção da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força. (…).Por fim, todos os baptizados …, como Igreja, tornam o mundo mais conforme o pensamento de Deus e nele vão construindo a Igreja de Cristo. Mas isto exactamente coloca um desafio pastoral: aprofundar a fé das pessoas e das comunidades, crescendo na compreensão do mistério, no conhecimento da doutrina da Igreja e na experiência da oração. É preciso, igualmente, crescer na consciência da co-responsabilidade apostólica, vivida em diálogo e em espírito de serviço, descobrindo que a pluralidade dos dons, dos caminhos e dos contributos de cada um, vivida na unidade da comunhão, é essencial a toda e qualquer comunidade cristã, para que possa ser dinamizada para a missão
Ora, o lugar prioritário e específico dos leigos é a construção do Reino de Deus no Mundo. O interior da Comunidade pode ser uma nova forma de "fuga mundi"
Sabemos todos, é verdade, teoricamente, que igreja não é uma pura instituição humana, antes um "sacramento, um sinal e um instrumento" de Jesus e de Deus. Apesar disso há os muitos que insistem na velha igreja instituição de Trento!
Há também os vão pelo activismo: preciso é fazer, atingir metas, façamos programas, tracemos objectivos, que parar é morrer, e a actividade salva, negando à Igreja a sua vertente sacramental, e querendo-a uma simples associação de simpatizantes…. (praticantes)!

E perde-se assim a Igreja em puras discussões internas, descredibilizando-se perante o mundo e perante si própria. Tenho assistido e participado, ultimamente em acesos debates acerca do que diz o novo papa, do que fazem os bispos e do que devem ser os padres.
- Não estará a Igreja a esquecer o sua missão fundamental: familiarizar-se com Deus e ser d’Ele testemunha?
- Não estará a esquecer o seu crescimento na igualdade humana e sua dinamização também na sociedade, debatendo-se em chamar mestre e senhor, dentro e fora de si?
- O falso ídolo do endeusamento dos que são bons e maus não estará a atormentar demasiado a Igreja, impedindo-a de crescer no serviço do anúncio?
- E o mandamento novo… onde está…? Onde está o vede como eles se amam?
- Dai de graça o que recebeste de graça e o Senhor fará crescer o número daqueles que amam.
Parece o Governo português… e não só…, mais preocupado com questões internas do que com a sua missão? Mais preocupado em colher impostos do que em usá-los justamente… mais preocupado com os 2,1% de consumo de combustível em Espanha do que em aliviar-lhe a carga fiscal…
Temos um tesouro e preocupamo-nos mais em construir a caixa forte do que em o aministrar…

terça-feira, 27 de novembro de 2007

É o final da vida e o início da sobrevivência.

Hoje não escrevo nada meu....
Deixo-me deliciar...
lambuzo-me...
com uma carta escrita, em 1854, pelo chefe Seatle ao presidente dos EUA, Franklin Pierce, quando este propôs comprar grande parte das terras de sua tribo, oferecendo, em contrapartida, a concessão de uma outra "reserva".
De vez em quando saboreio-a... Hoje transcrevo-a para quem, passando por aqui, e não querendo ler apenas tontices de um velho profeta (muitas vezes da desgraça), possa ler ou reler...

No fim levante-se, e agradeça ao seu Deus, seja ele qual for... (e se não o tiver pense porquê)... as sábias palavras colocadas na voz deste homem selvagem(!)

Desculpem o tamanho do texto (sei que não estamos na era da quantidade) mas vale o esforço...

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, com é possível comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrada para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das arvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do potro, e o homem - todos pertencem a mesma família.
Portanto Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil.
Essa terra é sagrada para nós.Essa água brilhante que escorre nos riachos não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se que ela é sagrada e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida de meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.Os rios são nossos irmãos e saciam nossa sede.
Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há lugar quieto na cidade do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o deabrochar das flores na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez porque eu sou um selvagem e não compreenda. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o canto solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo.
O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio verão limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se verdermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro aspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição, o homem branco deve tratar os animais dessa terra como irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planîcie, abandonados pelo homem branco que o alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecermos vivos.
O que é os homens sem os animais? Se todos os animais se fossem os homens morreriam de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.Isto sabemos: a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisa estão ligadas como o sangue que une a família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fazer ao tecido, fará a si mesmo.Mesmo o homem branco cujo Deus caminha e fala como ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídos por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia?

Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Amamos o que fazemos?

A maior parte da nossa vida pensamo-la em termos de êxito. A sociedade estabeleceu, com todo o carinho, um padrão pelo qual mede o nosso sucesso e o nosso insucesso. Se amamos uma coisa e a fazemos com todo o nosso ser já não nos importamos com o êxito. Ou o fracasso. Tudo o que nos importa é perceber os factos e compreender o problema. Então não temos de pensar no sucesso. Só quando não amamos o que fazemos pensamos nestes termos.

domingo, 25 de novembro de 2007

O neo-feudalismo das privatizações!!!
Poder e serviço do governo ... uma confusão!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A voz da Igreja acerca da globalização

Analisando o contexto actual, além de se divisar as oportunidades que se abrem na era da economia global, percebem-se também os riscos ligados às novas dimensões das relações comerciais e financeiras. Não faltam, efectivamente, indícios reveladores de uma tendência para o aumento das desigualdades, quer entre países avançados e países em desenvolvimento, quer no interior dos países industrializados. A crescente riqueza económica possibilitada pelos processos descritos é acompanhada por um crescimento da pobreza relativa.

A contínua deterioração dos termos do comércio de matérias-primas e o agravamento da diferença entre países ricos e países pobres levou o magistério a chamar a atenção para a importância dos critérios éticos que deveriam orientar as relações económicas internacionais: a busca do bem comum e o destino universal dos bens; a equidade nas relações comerciais; a atenção aos direitos e às necessidades dos mais pobres nas políticas comerciais e de cooperação internacional. De outra forma, os «povos pobres ficam sempre pobres e os ricos tornam-se cada vez mais ricos»

«A liberdade das transacções só é equitativa quando sujeita às exigências da justiça social»

«No passado, a solidariedade entre as gerações constituía, em muitos países, uma atitude natural por parte da família; hoje, tornou-se também um dever da comunidade»

in "Compêndio de Doutrina Social da Igreja" 361 a 367

A globalização comporta uma mentalidade particular sobre os valores técnicos e sobre a riqueza, esquecendo valores fundamentais da convivência humana ...


Vaticano anuncia nova encíclica do Papa
Bento XVI vai apresentar reflexão sobre a esperança

E DEPOIS DA GLOBALIZAÇÃO A DESGLOBALIZAÇÃO?

Depois da abertura e integração dos mercados surgirá a "desglobalização"
E depois da globalização?
A globalização parece um fenómeno inevitável e imparável. Mas um economista e um historiador estudaram processos semelhantes nos últimos mil anos, incluindo os Descobrimentos portugueses, e chegaram à conclusão que, a seguir a uma globalização, vem inevitavelmente uma "desglobalização".…Será que, agora que a economia mundial está outra vez a ficar rapidamente mais globalizada, já estamos mais a salvo da ocorrência de conflitos? E que a hipótese de um recuo na interdependência entre as várias economias se tornou mais improvável? Há quem responda que sim, defendendo que a actual globalização é muito mais forte do que as anteriores e que os avanços tecnológicos aumentaram os níveis de comunicação de forma nunca vista. Mas Ronald Findlay e Kevin O"Rourke, que, no seu livro "Power and Plenty", estudaram os avanços e recuos no processo de globalização ocorridos durante os últimos mil anos, chegaram à conclusão que não há nada na situação actual que a torne particularmente diferente e inovadora. E que, assim sendo, o mais provável é que, mais tarde ou mais cedo, se venha a assistir a um agravamento das tensões políticas e económicas internacionais, com um novo recuo no processo de globalização, ou como classificam os autores, uma "desglobalização". …"Há 100 anos, o mundo estava tão ou mais globalizado que hoje", exemplifica Kevin O"Rourke, historiador. "O trabalho era mais móvel e o capital tão móvel, com a excepção dos grandes fluxos de investimento especulativo que temos actualmente", explica. E quanto aos avanços nas comunicações, também não há nada de muito impressionante. "Tem havido progressos muito importantes, sem dúvida, mas o aparecimento do telégrafo representou uma mudança ainda mais radical na capacidade para se transmitir informação entre continentes", defende. …"Uma coisa que a globalização faz é aumentar a interdependência, mas isso conduz também a um sentimento de maior insegurança e vulnerabilidade", explica o economista Ronald Findlay. Um dos exemplos deste fenómeno ocorreu há cem anos: "A Inglaterra, ficou muito dependente das importações de matérias-primas. E, por isso, começou a ver o poder naval alemão como uma ameaça, reforçando a sua defesa. A Alemanha respondeu na mesma moeda e de repente estava criada uma corrida ao armamento naval". Actualmente, o petróleo é o produto com um potencial maior para criar este tipo de problemas. "Veja-se a forma como a China está a tentar entrar em África para assegurar matérias-primas e qual será a reacção do Ocidente", afirma Kevin O"Rourke. …"Com a globalização, há sempre quem ganha e quem perca. E se quem perder tiver poder suficiente, pode mobilizar os políticos, colocá-los contra a globalização e reverter o processo", explica O"Rourke. …Por exemplo, Gengis Khan criou uma economia muito global em meados do século XIII, mas quando o império mongol caiu, a Ásia central tornou-se ingovernável e o comércio ficou muito difícil. Na situação actual, é difícil prever quais os factores que se revelarão mais ameaçadores para a presente globalização. "Não conseguimos dizer qual é que vai ser dominante, mas vão ser ambos importantes", diz Ronald Findlay. Uma coisa é certa, a China, seja pela vertente económica, seja pela geopolítica, irá sempre desempenhar um papel importante. "A China, ao industrializar-se, vai precisar cada vez mais de garantir o fornecimento de matérias-primas. E para isso, vai precisar de manter os excedentes comerciais ao nível dos produtos manufacturados", (…) é interessante pensar no que poderá acontecer, no espaço de décadas, quando o Ocidente, por causa da perda de empregos, decidir impedir a entrada de produtos chineses. Um cenário que, tendo em conta as posições contra o comércio chinês assumidas já por muitos políticos, tanto no Congresso norte-americano, como em governos europeus, está longe de ser irrealista. É por isso que Findlay e O"Rourke mais uma vez concluem: "Isto pode voltar tudo atrás, como era em 1940..."

23.11.2007 - 09h35 Sérgio Aníbal

Retirado de "O público"
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1311629

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Novas formas de comunidade ... ideias perigosas?

As estruturas da Igreja de hoje não respondem cabalmente à sua missão: fazer chegar a todos os homens Jesus Cristo. Este modelo baseado em programações está longe de responder a um mundo que já não é de cristandade.
Um edifício, um pároco e um rebanho reunido na base de uma área paroquial é limitativo da missão anunciadora e denunciadora da Igreja. Baseia-se fundamentalmente na capacidade (ou não) do líder paroquial. Uma das consequências primeiras é a capacidade desse líder (o pároco) ser ou não congregador da comunidade. (Resultando em mobilidade ou desistência dos membros).
Verificamos que as nossas igrejas estão cada vez mais vazias, senão mesmo vazias, durante a semana. (Por questões de segurança estão mesmo fechadas). Excepção seja feita às tradicionais igrejas dos grandes centros onde as pessoas entram, anonimamente, para procurar um pouco de paz, descanso, intimidade… ou um confessor anónimo onde possa despejar o saco sem ser reconhecidas. Numa igreja de programações o pároco prega, faz casamentos, funerais, visita os doentes nos hospitais, atende o cartório, reúne com as comissões, encontros e, conforme o tamanho da igreja, supervisiona a equipe pastoral. Ele não tem tempo para conhecer a maior parte dos seus paroquianos. Não há tempo, numa semana atarefada, para conhecer o descrente. A comunidade, por sua vez, segue o exemplo do pastor. Se ele não converte (a não ser na sua homilia) eles também não tentam converter. Se a conversão não é prioridade para o líder, também não o é para a comunidade. Os agentes não são mais de 15% dos membros crentes da comunidade. Resta aos outros participar nas reuniões programadas para eles. A consequência é: uma elevada percentagem de elementos inactivos que, depois de participarem em uma ou duas reuniões, desistem pelo menos metade. (E procuram outros grupos onde encontrem espiritualidade, sensibilidade, religiosidade e outras ades…).
Um dos problemas numa estrutura destas é a comunidade “comunhão”. Não há tempo para apoio aos membros, não há lugar à intimidade. Os programas afastam os membros uns dos outros. Quando eles se encontram é no cenário neutro da igreja. Cada encontro é cuidadosamente programado: há um ensaio do coral, uma reunião de leitores, de catequistas, um orçamento a ser preparado. Unir-se em amor e compromisso não é possível. E depois celebra-se (a vida)… com cara de enterro. Não podemos esquecer que os homens de hoje estão mais interessados em “curtir a vida” do que em pensar na eternidade.
Não teremos algo mais a dar ao mundo entre o agora e a eternidade?
E depois analisamos a vida da igreja com base nos censos!
Falta de vocações… sim mas para párocos ou para padres? (já não falo no celibato nem na ordenação de mulheres!...)
Onde estão as comunidades de fé numa estrutura de programações?
Não se faz comunhão, não se faz evangelização, não se faz corresponsabilidade, dificilmente se faz partilha, formação… se faz Igreja, numa organização assim!...

terça-feira, 20 de novembro de 2007

CRISTO REI e os reizinhos do nosso tempo!

A Igreja celebra, no próximo Domingo o dia de CRISTO REI. Esta festa foi instituída por Pio XI em 11 de Dezembro de 1925, com a encíclica Quas Primas. Pretendia-se afirmar a importância de Jesus para a humanidade.
A instituição da festa de Cristo Rei, em 1925 ressente-se do peso da história. Pio XI quer promover o reconhecimento de Jesus Cristo como o verdadeiro senhor de todos os corações, da Igreja e da sociedade. Assinala, com razão, a perda do referencial maior como a causa da arbitrariedade e do domínio do mais forte sobre o mais fraco.
Seria errado, contudo, pensar que basta invocar a realeza de Cristo para mudar essa realidade. O reinado de Cristo não consiste na sua coroação e entronização nos lares e ambientes de sociedade; está, antes, em usar e realizar os seus critérios nas relações. Afirmar Cristo como rei, significa tornar-se um servidor ou servidora como ele o é; cuidar dos necessitados como ele cuida; criticar os poderes constituídos como ele o faz; viver na simplicidade e no despojamento como ele. Nisto está a diferença qualitativa em relação aos modelos vigentes.

Os reizinhos do nosso tempo, a começar pela própria igreja hierárquica, na sua falta de humildade… dos bispos e padres que preconizam um despotismo pouco iluminado pela fé, desconhecendo a realidade da pobreza, da mansidão e da justiça... desconhecendo as dificuldades da família em viver os pesados jugos morais que lhe são colocados sobre os ombros… ou das realidades humanas dos marginalizados pela igreja, por não saberem amar(dizem!) ou por muito amarem … (divorciados, casados em segundas núpcias, ex-padres). Desconhecendo a solidariedade e a caridade, mesmo entre eles.

À Igreja de Jesus ainda falta alguma coisa para interiorizar a lógica da realeza de Jesus. Depois dos exércitos para impor a cruz, das conversões forçadas e das fogueiras para combater as heresias, continuamos a manter estruturas que nos equiparam aos reinos deste mundo… A Igreja corpo de Cristo e seu sinal no mundo necessita que o seu Estado com território (ainda que simbólico) seja equiparado a outros Estados políticos? A Igreja, esposa de Cristo, necessita de servidores que se comportam como se fossem funcionários superiores do império? A Igreja, serva de Cristo e dos homens, necessita de estruturas que funcionam, muitas vezes, apenas segundo a lógica do mercado e da política? Que sentido é que tudo isto faz?

Os reizinhos do nosso tempo, leigos que se entronizam por fazerem “o papel de leigos”! por serem empossados de poder ao lado de tantos humildemente dedicados ao amor pelos outros.

Os reizinhos que, na vida pública, política e económica, se servem dos “tachos” para terem viagens, carros de luxo, domínio sobre o pobre.

Os reizinhos que na vida privada utilizam o seu status de homem para bater nas suas esposas.

O século XX mostrou o quanto as relações internacionais sofreram devido à vontade de poder. Os acontecimentos recentes de invasões e prepotências mostram a importância de outros critérios para as relações humanas.

Aceitar Jesus Cristo como rei é, então, receber o seu Espírito, continuando a sua maneira de ser, a sua cruz e o seu amor aos outros. Significa dispensar as grandezas e glórias geralmente associadas ao poder. Aceitar pertencer a uma comunidade pequena, pobre e insignificante, mas atenta ao Evangelho e ao princípio do amor ao próximo e a Deus.
Também ,assim, seremos reis, nós os critãos, afrontando a forma de ser rei dos nossos governantes, patrões e empregados, politicos e economistas, chefes de família e filhos, gente aproveitadora do facto de terem a responsabilidade de servir(sevindo-se).

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O que deveria mudar na igreja portuguesa?

O resultado é inconclusivo... ou não!


É necessário mudar algo...

A formação dos leigos 33%

A formação dos padres 22%

A estrutura administrativa 44%

Que quer isto dizer?

sábado, 17 de novembro de 2007

MAS... ONDE ESTÁ A MORAL DO GOVERNO


imagem retirada de http://www.str.com.br/Libertas/moral.jpg

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Visão caricaturizada da igreja

Como dizia Santo Agostinho: "Há os que se crêem dentro e estão fora; e há os que se crêem fora e estão dentro".

Deixou-me, mais uma vez, meditabundo e comovido a forma como vou lendo alguns comentários acerca da igreja. As confusões, a sã dúvida e a sã busca da verdade que muitas mulheres e homens, do mundo que habito, fazem acerca da Igreja.

Falta da presença visível de Cristo na sua organização;
Lugar de todas as superstições;
Local dos poderosos
Negócio chorudo;
Números:
Ritualismos;
Onda retrógrada de valores;
Praticantes e não praticantes;
Simpatizantes;


Visão caricaturadas de uma realidade, que não pode ser alheada da interdisciplinaridade do nosso quotidiano.
É facto que a igreja tem de fazer um mea culpa destas visões. A falta de seriedade com que se assumem ou não convições... ou o fruto mal colhido de tantas sementeiras mal feitas são o grande pecado do nosso tempo. É certo que milhões de homens não querem ouvir falar nesta Igreja. O homem que procura Deus, que procura justiça, que procura solidariedade, que procura transcendência, terá na igreja (dos bispos, dos padres, das beatas, dos poderosos, dos números, das proibições, do laxismo…) esta resposta? E tu cristão, que fazes por isso? Que fazes pelo mar, querida gota de água?

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Não queremos padres professores, padres operários, padres casados, padres celibatários…

"É preciso mudar o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros para se ter uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II, na qual esteja bem estabelecida a função do clero e do laicado, tendo em conta que todos somos um, desde quando fomos baptizados e integrados na família dos filhos de Deus, e todos somos corresponsáveis pelo crescimento da Igreja”Pediu Bento XVI aos bispos portugueses.
“Se fosse eu a influenciar o discurso do Papa acho que haveria alguns tópicos importantes a sublinhar: a urgência da formação de adultos; os padres apostarem na sua missão específica; valorização da espiritualidade; necessidade de experiências provocantes da fé; nova configuração da presença da igreja na sociedade e a urgência da igreja não fechar os olhos aos problemas dos mais carenciados da sociedade.” Ou então: “temos uma pastoral muito erótica porque fica apenas nos desejos.”
Tinha já dito D. Carlos Azevedo.

Que vamos fazer então?

Agir à luz do Evangelho de Cristo iluminando com a lei do amor as realidades dos homens portugueses, tornando a igreja pobre com os pobres, humilde com os humildes, sofredora com os que sofrem?
Como se os bispos não conhecem a realidade das comunidades, os padres não conhecem a realidade da família, do desemprego ou da pobreza (nem são educados para tal… em internato e celibato?
Agir na corresponsabilidade e igualdade pelo baptismo?
Como se os leigos continuam a se vistos como uma solução (mal necessário) para a falta de padres?
Como se os leigos continuam a receber formação para serem padres de segunda… “mais papistas que o papa”?
Agir na renovação de estruturas?
Como se se pretende continuar com a estrutura caduca da paróquia e do pároco e seus “fregueses” sem apostar em comunidades de fé e de valorização da espiritualidade?

Mudam-se os párocos e as comunidades mudam as estruturas para se acomodar a uma visão diferente do novo chefe…
Aparece um novo pároco e passam a “pagar-se” os sacramentos … ou não!
O bispo muda o pároco (sem ouvir a comunidade) e acontece a descontinuidade.
A mentalidade de pároco residente continua a ser incutida de cima…
Afinal qual o estatuto económico do clero? São assalariados ou com justo sustento?!!!!....
Direito a cobrar deslocações?... olha se os leigos também começam a cobrar!...

Igreja povo de Deus com múltiplas funções e missões (não há pretos nem brancos. São todos azuis… azuis claros à frente… azuis escuros atrás).

Novas maneiras de ser padres: ministros da comunidade para a comunidade precisam-se.
Não queremos padres professores, padres operários, padres casados, padres celibatários… queremos ministros ordenados da comunidade, com missões especificas, tais como todas as outras, dentro da comunidade. (louco, energúmeno e inergúmeno)!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Fala-me da eternidade

Hoje o dia começou com um pedido de alguém, sentado à mesa de café:
"Fala-me de Deus… fala-me do Amor… fala-me da Paz… fala-me do Céu…! "
Não! Não te falarei de nada disso.
Deixa-me falar-te do tempo.
Deixa-me falar-te da alegria e da tristeza que sentes e de como o tempo passa ou demora a passar, de acordo com os teus estados de espírito.
Já reparaste que quando estás triste o tempo demora a passar?...
Já viste como se eternizam os momentos em que amas e és amado?
O tempo fica em suspensão e passa em segundos quando tens paz, quando amas e és amado.
Deixa-me falar-te de eternidade… ou melhor… de eternidades.
Quando não sentires o tempo a passar talvez tenhas tido a experiência de Deus, do Amor, da Paz… talvez possas perceber o que é o Céu… a Eternidade.

É tão bom... não foi?

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Notas sobre associativismo cultural

Não tenho idade para ter pertencido às fileiras do associativismo cultural anterior ao 25 de Abril. Estou, no entanto, consciente que o associativismo cultural era uma ilha de cultura e de cidadania. Uma das poucas formas que se abria ao cidadão para participar activamente no processo democrático da cultura.
Hoje, o associativismo cultural, continua a ser uma das formas de viver a liberdade, de educar para a cidadania.
Pertencer a uma associação cultural é ser actor na cidade, parceiro inegável e indispensável do desenvolvimento cultural a nível local. As associações culturais são educadoras para a cidadania dos seus elementos.
As associações fazem com que os seus membros passem de meros consumidores dos fenómenos culturais a “fazedores” de cultura.
Assim me entendo como membro e dirigente de grupos culturais.
Ser membro de uma associação é partilhar com alegria projectos de cultura, de valores, de humanização das nossas comunidades.
Fazer associativismo é fazer com que os que pertencem às associações se sintam felizes por criar, por ser reconhecidos no seu “dar”, por humanizar a sociedade.
Estará em crise o associativismo?
Porquê?
Este debate não me parece estar feito:
qual o papel do associativismo no século XXI?
A questão é que os cidadãos começam a estar indiferentes ao associativismo.
Que consequências pode isto trazer?

terça-feira, 6 de novembro de 2007

(IN)TOLERÂNCIA RELIGIOSA E LAICISMO, NOVA RELIGIÃO DO ESTADO


A Carta sobre a Tolerância, publicada em 1689, é talvez um dos textos mais conhecidos de John Locke, filósofo inglês, do séc. XVII.
Aparece no contexto de divergências e perseguições religiosas, que tiveram a sua origem na Reforma protestante e na Contra Reforma católica. A Reforma de Lutero de 1517 teve como consequência imediata a cisão da unidade doutrinária do Ocidente, garantida, durante séculos, pela Igreja de Roma. Á data da publicação da Carta sobre a Tolerância, 1689, tinham entretanto surgido, no seio da Reforma protestante, uma miríade de Igrejas e confissões religiosas.
Em muitos aspectos, o séc. XVII foi o século da intolerância religiosa, na Europa.
O diálogo entre homens de fé, ou como diríamos hoje, o diálogo inter-religioso, é um diálogo de razões, de argumentos balizados pelos princípios da razão clássica (a evidência; a coerência; o método e a verdade), e não um confronto de fé ou credos religiosos, mais ou menos fanáticos.
O Estado deve respeitar a liberdade religiosa e as Igrejas, o predomínio do Estado e da lei, na organização social. O Estado não pode, sob pena de violar o princípio da tolerância, proibir ou condicionar a prática de ritos e cultos religiosos, seja ele qual for, a não ser no caso em que a prática religiosa ponham em risco «a vida ou propriedade alheia» (Locke).
Locke não é defensor de um Estado laico, sem religião, ou onde o laicismo é uma espécie de ‘religião pública’ do Estado, mas antes de um Estado tolerante, que acomoda em si a expressão, livre e pública, de todas as convicções religiosas dos seus cidadãos. Neste sentido, a lição que se pode retirar da Carta sobre a Tolerância é da maior importância. Porque é em nome do Estado laico, que muitos países do Ocidente têm vindo a restringir a expressão, livre e pública, dos sentimentos religiosos dos seus cidadãos. Ao querer restringir, ou condicionar, a expressão livre das convicções religiosas dos cidadãos, o Estado, como o próprio Locke já tinha previsto no séc. XVII, contribui para o aumento da intolerância religiosa. Proibir o uso no espaço público de símbolos religiosos é uma violação do princípio da tolerância e da separação entre Estado e religião. O Estado tolerante preconizado por Locke, não encara a religião como um problema, nem como uma ameaça, mas antes como uma forma de aumentar a liberdade e direitos dos seus cidadãos, no respeito pelo princípio da tolerância religiosa.


A propósito disto vai uma nota positiva ao Bispo Carlos Azevedo que diz da Concordata de 2004: "Com a nova Concordata criou-se uma nova mentalidade. A Concordata corresponde a uma nova perspectiva do papel da igreja na sociedade. Parece que não estávamos preparados para tal e não percebemos a perspectiva do II Concílio do Vaticano sobre as relações Igreja/Estado.
Por outro lado, o momento actual coincide com um laicismo mais vivo que não compreende a dimensão religiosa na vida cultural e social do povo.
O que falta é criar estruturas de negociação para que a Concordata seja regulamentada. Parece que se criou um certo vazio legal. A Concordata está em vigor mas terá que existir uma regulamentação como havia na antiga Concordata. Enquanto não há, alguns membros do Governo começam a tomar medidas soltas.
"

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Filho, não tenho tempo!

Apenas 6% das crianças portuguesas brincam diariamente com os pais. É uma das conclusões de um estudo europeu que pretende avaliar os hábitos das crianças e dos pais. Perante estes números, os especialistas alertam os pais para a necessidade de despender algum tempo, todos os dias, para participar nas brincadeiras.
Fonte TVI
Mas porquê?
Os pais deixaram de saber brincar?
Os filhos apenas querem brincar na consola ou na internet?
A alegria...
O tempo...
A disponibilidade...
O egoísmo...

Não Tenho Tempo
Sabe meu filho,
Até hoje não tive tempo para brincar com você.
Arranjei tempo para tudo,
Menos para ver você crescer.
Nunca joguei dominó, dama, xadrez ou batalha naval com você.
Percebo que você me rodeia,
Mas sabe, sou muito importante e não tenho tempo...
Sou importante para números, convites-sociais,
Uma série de compromissos inadiáveis...
E largar tudo isso para sentar no chão com você...
Não, não tenho tempo !
Um dia você veio com o caderno da escola para o meu lado,
Não liguei, continuei lendo jornal.
Afinal, os problemas internacionais
São mais sérios que os da minha casa.
Nunca vi seu boletim nem sei quem é sua professora,
Não sei nem qual foi sua primeira palavra,
Também, você entende... não tenho tempo...
De que adianta saber as mínimas coisas de você
Se eu tenho outras grandes coisas a saber?
Puxa, como você cresceu!
Você já passou da minha cintura.
Está alto!
Eu não havia reparado isso.
Aliás, não reparo quase nada, minha vida é corrida,
E quando tenho tempo, prefiro usá-lo lá fora.
E se uso aqui, perco-me calado diante da TV,
Porque a TV é importante e me informa muito...
Sabe, meu filho...
A última vez que tive tempo para você, foi numa cama,
Quando o fizemos!
Sei que você se queixa,
Que você sente falta de uma palavra,
De uma pergunta minha,
De um corre-corre,
De um chute na sua bola.
Mas eu não tenho tempo...
Sei que você sente falta do abraço e do riso,
Do andar-a-pé até a padaria para comprar guaraná,
Do andar-a-pé até o jornaleiro para comprar "Pato Donald",
Mas sabe, há quanto tempo não ando a pé na rua?
Não tenho tempo...
Mas você entende, sou um homem importante,
Tenho que dar atenção a muita gente,
Dependo delas...
Filho, você não entende de comércio...!
Na realidade, sou um homem sem tempo!
Sei que você fica chateado,
Porque as poucas vezes que falamos é monólogo, só eu falo.
E noventa e nove por cento é bronca:
Quero silêncio, quero sossego!
E você tem a péssima mania de vir correndo sobre a gente,
Você tem mania de querer pular nos braços dos outros...
Filho, não tenho tempo para abraçá-lo,
Não tenho tempo para ficar com papo-furado com criança.
Filho,
O que você entende de computador, comunicação, cibernética,Racionalismo?
Você sabe quem é Marcuse, Mac Luan?
Como é que vou parar para conversar com você?
Sabe filho,
Não tenho tempo, mas o pior de tudo,
O pior de tudo é que...
Se você morresse agora, já, neste instante,
Eu ficaria com um peso na consciência
Porque até hoje
Não arrumei tempo para brincar com você,
E na outra vida, por certo,
Deus não terá tempo de me deixar, pelo menos , vê-lo!


Neimar de Barros

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Que falta de educação!

Facilitismo no ensino
É o que me parecem as novas decisões da Senhora ministra.
Então e a formação integral dos alunos?
Basta ele ter boas notas. Mesmo que ultrapasse o numero de faltas … é bom aluno.
E a avaliação contínua?
Cavadela … minhoca.
Não teria eu hoje o meu curso nem o Senhor presidente da República.
Quilómetros a pé para ir às aulas. Também eu tinha as minhas escapadelas para um joguito de bilhar.
Não basta ser bom. É preciso ser bom.
Não hipotequemos a carreira profissional e humana dos nossos alunos com medidas destas… e outras. Qualquer dia esta lei tem assento nos nossos deputados. (estava a brincar. Eles trabalham a sério. Não faltam…)

sábado, 27 de outubro de 2007

Celebrar um nascimento indesejado

Hoje “celebram-se” os quarenta anos da introdução da lei do aborto no Reino Unido. Lord David Steel, o “pai” da lei, olha para trás e declara ao “The Guardian” que não era isto que se pretendia, que os abortos são demais. Abortar tornou-se algo demasiado fácil. Pretendia-se lutar contra o aborto clandestino e acabou por se banalizar a vida.
Há certas datas que ninguém gostaria de ter de de celebrar!
http://www.guardian.co.uk/frontpage/story/0,,2197926,00.html

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Política, desemprego e VALORES...

"O ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, reconheceu ontem que o problema do desemprego é o "mais sério" que a economia portuguesa enfrenta. Falando na Comissão de Orçamento e Finanças no âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2008, Teixeira dos Santos garantiu que está a fazer esforços para enfrentar o desemprego.Para o ministro das Finanças, a questão do desemprego tem de ser resolvida pela economia, com base na vitalidade do sector empresarial e na capacidade de investimento, e não por decreto. Apesar do aumento da taxa de desemprego, o ministro referiu que foram criados 60 mil empregos líquidos, entre 2005 e o final do segundo semestre de 2007, um aumento de emprego originado pela aceleração da economia.O titular das Finanças reconheceu, ainda, que o desemprego em Portugal não é "meramente conjuntural", mas antes estrutural, algo que é explicado pelo facto de Portugal estar a viver um processo de reestruturação na economia.Já a bancada do PSD, através de Patinha Antão, referiu que o aumento da carga fiscal decidido pelo Governo em 2005 custou aos portugueses o equivalente à Ponte Vasco da Gama. O vice-presidente da bancada do PSD acusou o Governo de ter pedido "inúmeros esforços aos portugueses, dos quais ainda hoje não se conhecem os resultados". O deputado social-democrata frisou, ainda, que foram pedidos esforços aos reformados e acusou o Governo de estar a levar a cabo uma "política inaceitável em termos sociais" com este grupo da sociedade portuguesa. Já Diogo Feio, do CDS-PP, confrontou o ministro com a diminuição progressiva das garantias dos contribuintes, matéria que levou os populares a anunciarem o seu voto contra no Orçamento do Estado.Na resposta, Teixeira dos Santos reforçou a ideia de que o CDS não tem legitimidade para tecer críticas face à sua participação num Executivo que desequilibrou as contas públicas portuguesas. Num debate morno, o titular das Finanças foi ainda confrontado por parte de Francisco Louçã, líder do BE, com a operação feita em matéria de Estradas de Portugal.Com Lusa"
http://dn.sapo.pt/2007/10/26/nacional/governo_que_desemprego_maior_problem.html

É o desastre da política social baseada apenas em modelos económicos. O desenvolvimento integral do homem português, da sociedade portuguesa, claudica por não assentar em valores primordiais, em autênticos imperativos éticos que estão arredados da nossa maneira de governar. É necessário competência, lucidez, ousadia, criatividade. É necessário assentar as politicas e as economias, sejam elas quais forem, numa antropologia humanista e não meramente no economicismo dos números...
A injustiça, a intolerância, a falta de diálogo de culturas,... de um laicismo exacerbado e fundamentalista, dificilmnte levará ao progresso apregoado.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Igreja ainda de cristandade?

A Universidade Católica, na pessoa do seu reitor, denunciou a falta de subsídio estatal, retribuindo com a ameaça de não apoiar os alunos carenciados. Muito bem… ou não!...
Muito terá que se queixar a Igreja da atitude laica do Estado português. Capelães hospitalares, capelães do exército, ATL Centro de Dia… e tantas outras obras de apoio material e espiritual que a igreja se habituou a ir realizando com o apoio do Estado. São obras para o desenvolvimento social integral do homem e desenvolvimento solidário da humanidade. Vai-se dizendo que A Igreja substitui o Estado neste dever!... talvez seja certo em parte. Experimente a Igreja, de forma reivindicativa, entregar nas mãos do Estado todo o trabalho de solidariedade com crianças, jovens, adultos, idosos … entregar-lhes as chaves destas instituições... e veríamos o caos.
Mas a minha reflexão vai noutro sentido. Que andou a fazer a Igreja durante todo este tempo? Onde estão os cristãos deste país, a quem supostamente foram transmitidos, na sua maioria, os valores do Evangelho? Onde estão os cristãos deste país a quem a Igreja, supostamente, em tempo favorável, evangelizou? Por onde andou a missão da Igreja de anunciar e denunciar? Sim, aqueles que hoje gerem os destinos deste país bem como os que os elegeram beberam no leite materno o cristianismo! Será que o leite estava estragado? Ou será que a Igreja se limitou a uma pastoral dos sacramentos, esquecendo a pastoral dos valores, a comunicação de uma mística de habitar cristãmente o mundo? Não vem tarde… nunca vem tarde… não é definitiva a experiência do presente e a esperança é uma atitude de fé e o motor dinamizador da história. Está na altura de a Igreja Anunciar começando por se Denunciar a partir de dentro como tendo sido incapaz de dinamizar os valores antropológicos de Jesus Cristo. Criemos diálogos de progresso com o mundo e sejamos mensageiros da esperança, apontando os valores cristãos como resposta… Acorda Igreja… Lê os sinais dos tempos…

terça-feira, 23 de outubro de 2007

OUVIR!...

Não, não fugi!...

Também não fiz nenhum retiro… ou talvez.
Não foi falta de temas de reflexão nem essa ficou por fazer embora sem ser escrita…
Hoje regresso apenas para dizer que continuo aqui procurando habitar cristãmente este mundo. Nestes dias tenho procurado ouvir. Ouvir e escutar, numa abertura aos outros, aprendendo com eles. O mundo em que vivo quase não tem ouvidos. E os ouvidos que há servem apenas para os pequenos tremoços, ligados a mp3, dos quais apenas se escuta uma batida forte que não deixa ouvir o coração.
Como não ouvimos fechamo-nos em nós mesmos e cultivamos o medo.
Como não ouvimos deixamos de ter paciência, tranquilidade e segurança no mundo que habitamos.
Como não escutamos não nos abrimos à transcendência e não louvamos a beleza.
Por isso parei para escutar.
E vou continuar aqui escutando. Se não partilhar com tanta frequência é porque estou aqui escutando com os olhos, com os ouvidos e com outros sentidos que Deus me deu.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Ateu de um deus sogra...


Temos séculos de tradições, catequeses, pregações, homílias que nos encheram a cabeça com um deus que não nos serve de nada, que nada nos ajuda, que não nos deixa viver... E tanto nos encheram a cabeça, que ela ficou cheia! Agora, o que mais ouço, é choramingas a dizer "agora as pessoas não vêm à igreja, já não querem saber disto para nada" etc, etc...Faz-me pena o modo como temos na nossa cabeça a imagem de Deus-Pai, o Deus que nos cria e sonha, o Pai de Jesus e nosso Pai... Parece mais um sogro que um Pai! Eu não sei o que é ter um sogro ou uma sogra, mas pelo que partilham comigo (e isto não é nada contra os sogros e sogras, entendam-me!), é muito próxima a ideia que temos de Deus-Pai!Um deus que está lá ao longe, na sua casa, longe da minha vida, mas que passa o tempo a intrometer-se, a dar recados, a dizer-me como hei-de viver, trabalhar, educar os filhos... Um deus que não compreende nem passa por metade dos problemas e dificuldades do meu dia-a-dia, mas que nao deixa de dar receitas moralistas... um deus que, sempre que lhe dou espaço e atenção, só me dá dores de cabeça com proibições, lamentos, instalado numa nuvem qualquer muito confortável, enquanto que eu ando aqui no duro... um deus com uma barba branca muito grande e sempre com cara de mal-disposto...Claro, a um deus deste, prefiro desligar-me, esquecer-me, mandá-lo dar uma volta! Já me bastam os meus problemas, ainda tenho de o aturar?!!!Tenho pena que tenha sido esta a imagem do nosso Deus, do Abbá de Jesus, que tenham e continuem a partilhar connosco, ainda que com toda a boa intenção... Tenho pena que hoje, dizer palavras como Deus, Fé, Igreja, cause repugnancia... "Deixa-me em paz, deixa-me viver!" Claro...Quando cada um de nós, em Igreja, em Comunidade, começar a descobrir e a saborear o Evangelho de Jesus, quando for a Palavra de Deus, e não a dos pregadores, a iluminar a nossa Fé, quando o alegre Espirito Santo, o "vento que ninguém sabe de onde vem nem para onde vai", tiver espaço no nosso coração para dizer palavras de alegria, paz e gratidão, então as nossas caras mudarão...E então, como discipulos de Jesus, teremos caras de filhos amados de um Abbá querido, que sabe o que quer e sonha para o Homem, a menina dos seus olhos, que entra na sua vida para lhe oferecer horizontes e experiencias radicalmente novos e diferentes...Pois como disse esse Ireneu, o mesmo da expressão Economia da Salvação, "a glória de Deus é o Homem Vivo!". Ou, melhor ainda, como diz Jesus, "quanto dará o vosso Pai do Céu coisas boas aos que lhe pedirem!" (Mt 7, 11)
Esta eu tinha de dizer que gostei muito

domingo, 23 de setembro de 2007

Deus e o dinheiro

As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração. Com efeito, a sua comunidade constitui-se de homens que, reunidos em Cristo, são dirigidos pelo Espírito Santo, na sua peregrinação para o Reino do Pai. Eles aceitaram a mensagem da salvação que deve ser proposta a todos. Portanto, a comunidade cristã sente-se verdadeiramente solidária com o género humano e com a sua história. (Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” sobre a Igreja no mundo de hoje do Concílio Vaticano II, nº. 1)

Não somos donos das riquezas mas meros administradores. “Não és acaso um ladrão, afirma São Basílio, tu que te apossas das riquezas, cuja gestão recebeste?... Ao faminto pertence o pão que conservas; ao homem nu, o manto que manténs guardado; ao descalço, os sapatos que se estragam em tua casa; ao necessitado, o dinheiro que escondeste. Cometes assim tantas injustiças quantos são aqueles a quem poderias dar”. E Santo Ambrósio continua: “É justo, pois, que, se reivindicas como teu algo daquilo que foi dado em comum (a terra) ao género humano e até a todos os animais, ao menos dês uma parte aos pobres; eles participam do teu direito; não lhes negues o alimento”. O que os Santos Padres pregam, referindo-se a casos particulares, agora inclui povos, nações, milhões de pessoas. Países ou grupos multinacionais controlam toda a riqueza com uma liberdade que não se pode discutir, continuam a fazer da riqueza a fonte de divisões e aproveitam-se dessas divisões para o seu domínio económico.
A propósito destas verdades e de muitas outras, baseando-se nas leituras de hoje, o senhor abade ía falando a medo da injustiça social. Como sempre, falar de economía, denunciando, é uma dor de cabeça. Porque a igreja não a concretiza dentro de si mesma (a começar pelas suas estruturas e membros hierárquicos) e porque o senhor, lá ao fundo da igreja, abana a cabeça porque está ali para ouvir falar de Deus e não de "política". Profetas precisam-se. Se o senhor abade sente repulsa em falar de injustiça social que convide leigos, comprometidos socialmente, para fazer a homilía.
Não te metas nisso rapaz!... Olha que este senhor abade veste fashion e o outro tem uma batina surrada....

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

"Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar, mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota".

Teresa de Calcutá

AMAI-VOS

Amai-vos...

Amai-vos um ao outro,
mas não façais do amor um grilhão.
Que haja, antes, um mar ondulante
entre as praias de vossa alma.
Enchei a taça um do outro,
mas não bebais da mesma taça.
Dai do vosso pão um ao outro,
mas não comais do mesmo pedaço.
Cantai e dançai juntos,
e sede alegres,mas deixai
cada um de vós estar sozinho.
Assim como as cordas da lira
são separadas e,no entanto,
vibram na mesma harmonia.
Dai vosso coração,
mas não o confieis à guarda um do outro.
Pois somente a mão da Vida
pode conter vosso coração.
E vivei juntos,
mas não vos aconchegueis demasiadamente.
Pois as colunas do templo
erguem-se separadamente.
E o carvalho e o cipreste
não crescem à sombra um do outro.

Gibran Kahlil Gibran

Pelo Tibete, pelos direirtos humanos, pela paz...

Perguntaram ao Dalai Lama:
“O que mais te surpreende na humanidade?”
E ele respondeu:
“os homens… porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer… e morrem como se nunca tivessem vivido”

Pelo Tibete, pelos Direitos Humanos, pela paz.

Passou por aí e foi pomo de discórdia!...
Pressões de uma crescente intolerância ... e os outros é que são fundamentalistas!!!
Pressões da economia chinesa perante a qual voltamos a ajoelhar
… e não nos podemos dar ao luxo que Pequim nos deixe de fora da sua rota de mercado, mesmo com os baixos salários com que Manuel Pinho acenou nessa mesma visita de Estado.
Para não falar no oportunismo demagógico de alguns...

O Nobel da paz esteve aí … mas … somos novos, não pensamos.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Só tenho medo de Deus


A propósito do furacão do México ouvi hoje, numa entrevista a um dos residentes, o seguinte comentário: “ Estou curioso… não sei o que vai acontecer! Não há-de ser nada… medo? Não, não tenho medo. Não tenho medo das coisas que podem acontecer. Medo… só o tenho de Deus! É o único ser de quem se pode ter medo.” Mais um deus de que sou ateu. Mas esta perspectiva deixou-me interrogações. Quantos crentes desse deus?!!! Tantos “evangelizados” a quem ainda não chegou a BOA-NOVA.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Ecumenismo



Ecumenismo e Verdade
Intenção Geral do Papa para o mês de SETEMBRO
Que a Assembleia Ecuménica de Sibiu, na Roménia, contribua para o crescimento da unidade entre todos os cristãos, pela qual o Senhor rezou na Última Ceia. [Intenção Geral do Papa para o mês de SETEMBRO]

1. Assembleia Ecuménica de SIBIU

O encontro ecuménico a que faz referência a Intenção do Santo Padre decorre entre os dias 4 e 9 deste mês de Setembro, na cidade de Sibiu, Roménia, país de maioria cristã ortodoxa. Trata-se da 3ª Assembleia Ecuménica, organizada pela Conferência das Igrejas Europeias (que reúne as Igrejas cristãs, excepto a Católica) e pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa (da Igreja Católica). O tema é: «A luz de Cristo a todos ilumina. Esperança de renovação e unidade na Europa». Informação mais abundante sobre a mesma pode ser encontrada na internet (www.eea3.org). É mais uma iniciativa cujo objectivo último deve ser a unidade e comunhão visíveis de todas as Igrejas cristãs, segundo a oração de Cristo na Última Ceia; mas não pode perder de vista objectivos mais imediatos: o aprofundamento dos laços de comunhão já existentes, a redescoberta e valorização dos factores de unidade entre as Igrejas e, sobretudo, o esforço de dar um testemunho comum e inequívoco no essencial: a fé em Deus Trindade e no Senhor e Salvador Jesus Cristo, o anúncio do seu Evangelho, o testemunho da caridade.

2. Ecumenismo e diálogo inter-religioso

É comum confundir ecumenismo com diálogo inter-religioso. No sentido próprio, a palavra ecumenismo significa o diálogo entre as diversas Igrejas ou comunidades eclesiais cristãs. E isto distingue-o do diálogo entre religiões. Esta distinção é fundamental, precisamente para evitar equívocos. De facto, um dos frutos mais acabados do movimento ecuménico foi ajudar os cristãos a tomarem consciência de algo evidente mas quase sempre ignorado: os cristãos das diversas Igrejas não constituem religiões diferentes, antes pertencem a uma mesma comunidade de fé, a comunidade dos discípulos de Cristo – embora separados por diferenças doutrinais, por vezes graves e quase intransponíveis. Entre eles, portanto, não há lugar a um diálogo entre religiões, mas a um diálogo entre membros da mesma religião – os quais, agrupados em comunidades separadas, durante séculos não se falaram e até se odiaram e mataram uns aos outros mas, apesar disso, não deixaram de constituir uma família.

3. Ecumenismo e identidade

O verdadeiro ecumenismo supõe a consciência clara e sofrida da falta de unidade e de como isso prejudica o inteiro corpo de Cristo. E supõe, também, por parte de cada cristão e das diversas Igrejas, a firmeza na própria identidade e a consciência de que esta é fonte de diferenças. Devem ser entendidos neste contexto os esclarecimentos recentemente publicados pela Congregação para a Doutrina da Fé sobre a compreensão que a Igreja Católica tem de si mesma – os quais, aliás, nada acrescentam ao anterior documento Dominus Iesus, da mesma Congregação, e às afirmações do Concílio Vaticano II: «Esta Igreja [a única Igreja de Cristo], constituída e organizada neste mundo como sociedade, subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele, embora fora da sua comunidade se encontrem muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica» (Constituição Lumen gentium, 8); e noutro documento, precisamente dedicado a reflectir sobre a unidade dos cristãos: «... só pela Igreja Católica de Cristo, que é o meio geral de salvação, pode ser atingida toda a plenitude dos meios de salvação» (Unitatis redintegratio, 3).
Ao afirmar o modo como se entende a si própria, a Igreja Católica não cria dificuldades acrescidas ao ecumenismo. Pelo contrário, presta um contributo inestimável ao diálogo com as outras comunidades eclesiais, clarificando o ponto de partida desse mesmo diálogo e contribuindo também para que aquelas reflictam sobre a própria identidade. O caminho ecuménico torna-se mais árduo? Sem dúvida, mas também mais verdadeiro. E se, como afirma Jesus, «a verdade nos torna livres» (cfr. João 8, 31), então o único caminho ecuménico capaz de libertar as Igrejas daquilo que, em todas, é impedimento para a plena unidade, é aquele percorrido na dureza própria da verdade e da fidelidade a Jesus Cristo.

in: Agência Ecclesia -Internacional Elias Couto 03/09/2007

Será a Igreja católica exemplo desta teologia, dentro de si mesma, na tolerância e caridade dos seus membros?

domingo, 26 de agosto de 2007

É necessário informar.

Existem milhares de blogs, sítios e portais com bastante qualidade na formação e informação teológica catequética e pastoral. Revistas, jornais, folhas paroquiais é coisa que não falta… quem sabe se até em demasia!!! A rádio está em força e a televisão já foi uma tentativa… o programa ecclesia é razoável.

Então porque é que a formação, a informação, a mensagem, não chegam onde deve supostamente chegar?

"Pelo segundo ano consecutivo, o Santuário de Fátima oferece uma semana de férias às mães que estão a tomar conta dos seus filhos deficientes em suas casas, para que ambos possam usufruir de um momento diferente de descanso."

A quem chegou esta informação?

Falamos de dentro para o interior…

"A Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa está a promover um curso de ensino à distância (curso pela Internet) de Síntese Catequética Avançada."

A quem chegou esta informação?

"Na próxima segunda-feira hà reunião de noivos!!!...."

Os interessados estão lá para ouvir?

Vem aí um novo ano pastoral.

Nas nossas comunidades as informações são para quem quase não tem necessidade delas (experiência da minha comunidade)…


Que canais estão a falhar? Que outros meios de comunicação? Como fazer? Sinceramente não sei. Gostaria de ouvir experiências positivas.

sábado, 25 de agosto de 2007

O senhor tem o poder de controlar o relógio?

O malandro do tempo que passamos a vida a querer controlar, contornar, contentar…
Até nos queixamos que ele nos controla, nos escraviza, nos martiriza…
Mas, vai daí, de repente, cai-nos o cronos ao chão e damo-nos conta que a eternidade pode estar aqui…
Olhamos o que estamos a fazer e … acontece a disponibilidade.
“O senhor tem o poder de controlar o relógio?” Perguntava-me a funcionária do balcão. “Nunca mais termina o dia… para poder ir para casa!!!” Ao lado alguém suspirava, enjoada com a conversa e ansiosa por ser atendida. “Não tenho tempo para esperar.”

Eduardo Prado Coelho partiu! Deixou a ideia eterna que muitos não tiveram tempo de ler: mais ou menos isto “fazemos tantas coisas que nem tempo temos para nos apercebermos do que estamos a fazer. Quando paramos para pensar então estamos a fazer cultura”

Como eu gostava de ter a calma suficiente para me chamarem calmeirão!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

BUSCAR A VERDADE


Bento XVI defendeu que a verdadeira vocação do homem consiste em "buscar a verdade". O Papa dirigia-se aos participantes do encontro organizado pelo movimento eclesial Comunhão e Liberação, a decorrer na localidade italiana de Rimini.
Falando sobre o tema deste encontro, "A verdade é o destino para o qual fomos feitos", o Papa assegurou a sua oração "para que, através das múltiplas iniciativas programadas, o Meeting seja para muitos uma ocasião fecunda de reflexão e de confrontação para viver a vocação mais profunda do homem: ser buscador da verdade e, por isso, de Deus".
A 28ª edição do Meeting pela Amizade entre os Povos, em Rimini, prolonga-se atté 25 de Agosto e tem um programa de 118 encontros com centenas de conferencistas sobre temas religiosos, culturais, políticos, de ciência e arte, para além de espectáculos, exposições e manifestações desportivas.
O encontro foi inaugurado pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone. Na homilia da Missa inaugural, o Cardeal reconheceu que hoje "dá a impressão de que, no clima de relativismo e cepticismo que penetra a nossa sociedade, chega-se a proclamar uma radical desconfiança na possibilidade de conhecer a verdade".
Comentando as leituras da liturgia dominical, o colaborador mais próximo do Papa explicou que "Cristo é o único que pode identificar a verdade com uma pessoa; Ele é a verdade feita pessoa, feita humanidade, e quem o busca e o segue realiza-se plenamente".

Agência Ecclesia 20/08/2007

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Os Filhos

Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:
Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.

(Do Livro "O Profeta")
Gibran Kahlil Gibran

Ex-padre no desemprego

A propósito da notícia do DN de 28 de Junho de 2007 http://dn.sapo.pt/2007/06/28/cidades/lei_canonica_deixa_expadre_desempreg.html

Quero deixar no meu blog o comentário que fiz no blog dos padres inquietos.

Enfrenta dificuldades económicas” e não as enfrenta o Zé, O Manel, o licenciado e o analfabeto que estão no desemprego?
Esta é uma questão do homem da actualidade e o Francisco não é diferente. A pergunta será: que fazer de tantas pessoas que neste momento nem RSI… recebem nem são notícia (ainda bem) por não terem sido ex-padres?
Compete-me a mim, a ti, às instituições, à Igreja e ao próprio estado, colaborar na resolução de tantos problemas como este.
Por ter sido padre quer tratamento especial? Mesmo sendo ex parece continuar a ter uma atitude muito clerical....

Curso de teologia, de filosofia, de história, de literatura… de e de… e sem poder exercer aquilo para que estudou… feliz do licenciado em filosofia que é varredor de ruas e faz isso como se fosse a única coisa possível, desempenhando bem a sua profissão… e tanto licenciado em medicina, em enfermagem, em direito … exercendo tão mal aquilo para que foi preparado mesmo tendo a sorte de o exercer…

A liberdade. Não foi o Francisco livre de escolher? Foi e escolheu. São estas as regras do jogo e não nos podemos queixar das regras quando vamos jogar e as aceitamos. São injustas? Talvez… vamos então tentar mudá-las. O celibato é uma regra que talvez deva ser mudada. … louvor à honestidade do Francisco na decisão! Crítica e desaprovação àqueles padres que mantêm situações dúbias por conveniência e falta de coragem.
O uso da liberdade supõe o aceitar das consequências. Francisco, não admitas nem queiras ser coitado. Sê grande na decisão e no assumir das consequências.

A igreja “Aliás, aquilo que o bispo açoriano teve a iniciativa de fazer em seu benefício - a indicação para o lugar de professor de Educação Moral e Religiosa em dois estabelecimentos de ensino na ilha de São Miguel - recusou, por não aceitar que o caso lhe tivesse sido posto como "um favor e excepção". A falta de humildade também não é lá muito cristã.

O que me parece que deve ser tido em conta é a incapacidade da igreja de aproveitar pastoralmente este e tantos outros casos de homens de fé, com o seu saber e saber fazer. Mas também leigos divorciados, mal casados, casados segunda vez… aí está a cegueira, a teimosia, o anátema, o zelo rigorista excessivo e prejudicial no entendimento da PESSOA. Não sei se Francisco é homem de fé… compete à igreja, aos cristãos ajudar o Francisco sem condenações, anátemas, excomunhões, integrando-o na comunidade e aceitando o que ele tem para dar e receber. A integração na comunidade é o papel da igreja... o perdão... o "ninguém te condenou"...

Abraço, Francisco. Ser cristão é muito mais do que exercer o curso de teologia… quantos padres mesmo com o curso de teologia, mesmo estando no activo, ao serviço, dando-se por inteiro... não passaram já fome e tiveram de ser pedreiros, metalúrgicos etc. para terem sustento e assim poderem continuar a exercer o ministério? Quem tem ouvidos para ouvir… oiça.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

SOU PELA PAZ...

Uma das coisas que eu gosto de observar são as T-shirts que as pessoas trazem vestidas. Pequenas mensagens ambulantes. Umas fazem-nos rir, o que bem precisamos. Outras fazem-nos pensar… ou não! “Sou pela paz” dizia uma dessas T-shirs que uma jovem usava ontem. Passou por mim a correr num hipermercado, não sei se a fugir de si própria se atarefada no esquecimento de si e dos outros que a rodeavam. Passou empurrando-me, alheada do mundo e dos outros, na ânsia de lutar contra o tempo. Nas costas “sou pela paz”… Também sou desse club… Eh! Eh! Todos nós somos… mas que paz?!!! A paz interior que brota do eu sossegado? A paz que brota do comodismo? A paz que quero para os outros? A paz do desassossego, da instabilidade? Todos nós passamos o tempo a dizer “deixem-me em paz”. Envergamos essa camisola. E esta jovem, atarefada na corrida contra o tempo, passou. Talvez na missa da manhã tivesse dito “a paz esteja contigo”… talvez seja ateia… ou missionária! Talvez a seguir discuta com o namorado ou com o marido, talvez a seguir compre um chocolate para calar o filho que lhe pede atenção. Talvez a seguir dê uma esmola para calar o pedinte ou a consciência … ou não. Talvez tenha vestido a camisola, à pressa, sem olhar para o que estava escrito nas costas. Talvez pertença a um grupo que tem este lema. Ou será uma campanha contra o ruído ou contra qualquer outra coisa… talvez seja adepta do Paulo Teixira Pinto do que apelou à paz no BCP... ou será o markting de alguma bebida?
Talvez alguém tenha olhado e pensado: “Vou para casa ouvir um pouco de música… dá-me uma paz!!! “ outros terão rezado ali mesmo pela paz no mundo. Alguém terá comprado um pau de incenso com aroma de paz. E a paz ali passou a correr. Passou pela rua do sofrimento, pela rua da amargura, pela rua do sossego, pela rua da igreja, e parou na caixa do consumismo. Talvez à noite esta jovem tenha despido a camisola e dito. “Preciso de ter uma noite de paz. Amanhã é dia de trabalho.”
Viva a paz … ou não!!!

sábado, 11 de agosto de 2007

Venham as notícias do futebol....

Fátima, Fado e Bola….

A peregrinação do 15 de Agosto já não é motivo de grandes notícias, não vende jornais. O fado é demasiadamente triste e a Amália já morreu. A bola… já não é o que era e o Eusébio ainda está vivo.

A gripe das aves não matou tanta gente como a imprensa esperava e por isso entrou no esquecimento depois de ter enchido os cofres de uns tantos e levado à miséria outros. Este ano o S. Pedro estragou os planos aos meios de comunicação e ajudou o governo que assim teve um sucesso espectacular na estratégia de prevenção dos fogos florestais.

Comecem, por favor o campeonato de futebol, com muitos casos que possam ser notícia.

Talvez assim o caso “Madeleine” possa ser feito de notícias verdadeiras, sem manobras de diversão, sem consequências perversas para a investigação, sem protagonismos, com verdade e, fundamentalmente, sem o uso do sentimento colectivo como motivo de “diversão”, de comércio, de…

Nunca me senti tão pouco informado, nunca me senti tão manipulado, nunca tive tanta informação. Abaixo a in-formação.
Mantenham-me ignorante daquilo que querem que eu saiba, para que eu possa saber o que alguém não quer que eu conheça e possa assim estar informado do essencial!

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

São as coisas boas da vida…


Esta frase: eu ouvi, eu disse, e hoje apeteceu-me pensar.
Que coisas boas? Andamos de facto tão atarefados que complicamos. Usamos o “complicador”…

O complicador é o instrumento mais utilizado na nossa vida. Temos a mania de teimar em chamar “nossa” à vida! Muito nós gostamos do que é nosso…
Começa aqui o uso do complicador. Teimamos em dar demasiada importância a coisas que são complicadas e esquecemos as coisas simples da vida. Hoje acordei com uma dor de cabeça tremenda. O que é? O que foi? Porquê? … e fiquei pior! Se em vez de procurar complicar o raio da “minha” dor de cabeça me tivesse sentado calmamente a tomar um café e a usufruir das coisas boas da vida … que não a “minha”!... Usei o complicador… pumba! O sistema bloqueou…

E o que levamos desta vida é o complicador que nos faz pensar que amanhã perdemos a nossa vida e por isso temos de aproveitar … o quê? O que temos ou não temos e gostaríamos de ter?... Deixemos este barco navegar sem perder a noção de que nós, os outros e o mundo (de que não podemos viver alheados) são a única coisa boa da vida, são a própria vida. Este barco vai passando pelas coisas e elas ficam e nós vamos, aproveitando novas marés, novos sóis, novos ventos, sempre bons porque não são nossos.

Ser simples é muito mais do que não ser complicado. É ser verdadeiro, é prestar atenção, é ouvir com o coração e é falar sem pretender ter as “nossas” ideias. Só quem não usa o “complicador” (é simples) pode estar na vida para os outros sem perder o essencial…