quarta-feira, 2 de abril de 2008

CULTURA LAICA

Passou-me pela mão uma notícia, que deixo aqui citada, acerca da actuação de um grupo coral polifónico deste país e da falta de plateia: (…) “Há um desconhecimento do que é um grupo coral e um grupo coral polifónico e da diversidade de música que este tipo de grupo pode interpretar”,(…)“Existe um preconceito para com a música coral porque há a ideia errada que só contém música sacra. Há uma diferença entre um grupo coral polifónico e um grupo coral litúrgico, sem qualquer desprimor para este.” Dizia o entrevistado e presidente do mesmo grupo. Estranho!!! Muito estranho… mais estranho ainda quando esta afirmação é feita pelo presidente do grupo e não pelo jornalista.

1º - O preconceito é de quem?
2º - A cultura musical agora também é ateia?
3º - Um grupo coral polifónico é diferente de um grupo coral litúrgico? Onde?

Não conheço a realidade (desse coral polifónico) mas conheço outras… muitas outras… Não terá já estado esse senhor presidente em outros eventos culturais em que a música sacra se apresentou na voz de corais polifónicos?
Não conhecerá, por ventura, a história da música?
Não saberá, quiçá, que a maior parte dos grupos corais polifónicos nacionais são litúrgicos, nasceram de grupos litúrgicos ou têm as vertentes da música litúrgica, sacra e profana? (E não digo polifónico e litúrgico por não os achar opostos)!
Se está a falar de qualidade artística … temos de tudo neste mundo… (ou tem ouvido pouco ou quer ser falacioso).

Acaso não será a música sacra polifónica? … ou será que a polifonia não é sacra?
Então e vai realizar um concerto na Igreja local, com o risco de afastar ainda mais as audiências?...

Um grupo coral poderá cantar música litúrgica, sacra ou profana, seja ele de que tipo for. Se é um grupo coral polifónico cantará… e poderá cantar animando a liturgia, ou o espectáculo. E se a peça for de qualidade, e de carácter litúrgico ou sacro, não poderá e deverá ser cantada por qualquer tipo de grupo coral? Poderá um grupo coral dedicar-se à música coral clássica sem cantar música sacra? E um grupo coral, que se destina, em primeira mão, a animar celebrações litúrgicas, não poderá cantar também música sacra ou profana?

Volto ao 1º ponto: de quem é o preconceito? Ou afinal o que está a querer dizer?
Prefiro entender este comentário apenas como lapso de conhecimento e não como forma pouco inteligente de transmitir outros preconceitos ou conceitos ideológicos, subvertendo a opinião pública.

Não será a arrogância uma forma de afastar audiências, mais do que a sacralidade?

Prometo informar-me melhor acerca desse grupo… não vá estar a nascer uma nova forma de cultura através do canto… Talvez a cultura laica!!!