segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Ateu de um deus sogra...


Temos séculos de tradições, catequeses, pregações, homílias que nos encheram a cabeça com um deus que não nos serve de nada, que nada nos ajuda, que não nos deixa viver... E tanto nos encheram a cabeça, que ela ficou cheia! Agora, o que mais ouço, é choramingas a dizer "agora as pessoas não vêm à igreja, já não querem saber disto para nada" etc, etc...Faz-me pena o modo como temos na nossa cabeça a imagem de Deus-Pai, o Deus que nos cria e sonha, o Pai de Jesus e nosso Pai... Parece mais um sogro que um Pai! Eu não sei o que é ter um sogro ou uma sogra, mas pelo que partilham comigo (e isto não é nada contra os sogros e sogras, entendam-me!), é muito próxima a ideia que temos de Deus-Pai!Um deus que está lá ao longe, na sua casa, longe da minha vida, mas que passa o tempo a intrometer-se, a dar recados, a dizer-me como hei-de viver, trabalhar, educar os filhos... Um deus que não compreende nem passa por metade dos problemas e dificuldades do meu dia-a-dia, mas que nao deixa de dar receitas moralistas... um deus que, sempre que lhe dou espaço e atenção, só me dá dores de cabeça com proibições, lamentos, instalado numa nuvem qualquer muito confortável, enquanto que eu ando aqui no duro... um deus com uma barba branca muito grande e sempre com cara de mal-disposto...Claro, a um deus deste, prefiro desligar-me, esquecer-me, mandá-lo dar uma volta! Já me bastam os meus problemas, ainda tenho de o aturar?!!!Tenho pena que tenha sido esta a imagem do nosso Deus, do Abbá de Jesus, que tenham e continuem a partilhar connosco, ainda que com toda a boa intenção... Tenho pena que hoje, dizer palavras como Deus, Fé, Igreja, cause repugnancia... "Deixa-me em paz, deixa-me viver!" Claro...Quando cada um de nós, em Igreja, em Comunidade, começar a descobrir e a saborear o Evangelho de Jesus, quando for a Palavra de Deus, e não a dos pregadores, a iluminar a nossa Fé, quando o alegre Espirito Santo, o "vento que ninguém sabe de onde vem nem para onde vai", tiver espaço no nosso coração para dizer palavras de alegria, paz e gratidão, então as nossas caras mudarão...E então, como discipulos de Jesus, teremos caras de filhos amados de um Abbá querido, que sabe o que quer e sonha para o Homem, a menina dos seus olhos, que entra na sua vida para lhe oferecer horizontes e experiencias radicalmente novos e diferentes...Pois como disse esse Ireneu, o mesmo da expressão Economia da Salvação, "a glória de Deus é o Homem Vivo!". Ou, melhor ainda, como diz Jesus, "quanto dará o vosso Pai do Céu coisas boas aos que lhe pedirem!" (Mt 7, 11)
Esta eu tinha de dizer que gostei muito

domingo, 23 de setembro de 2007

Deus e o dinheiro

As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração. Com efeito, a sua comunidade constitui-se de homens que, reunidos em Cristo, são dirigidos pelo Espírito Santo, na sua peregrinação para o Reino do Pai. Eles aceitaram a mensagem da salvação que deve ser proposta a todos. Portanto, a comunidade cristã sente-se verdadeiramente solidária com o género humano e com a sua história. (Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” sobre a Igreja no mundo de hoje do Concílio Vaticano II, nº. 1)

Não somos donos das riquezas mas meros administradores. “Não és acaso um ladrão, afirma São Basílio, tu que te apossas das riquezas, cuja gestão recebeste?... Ao faminto pertence o pão que conservas; ao homem nu, o manto que manténs guardado; ao descalço, os sapatos que se estragam em tua casa; ao necessitado, o dinheiro que escondeste. Cometes assim tantas injustiças quantos são aqueles a quem poderias dar”. E Santo Ambrósio continua: “É justo, pois, que, se reivindicas como teu algo daquilo que foi dado em comum (a terra) ao género humano e até a todos os animais, ao menos dês uma parte aos pobres; eles participam do teu direito; não lhes negues o alimento”. O que os Santos Padres pregam, referindo-se a casos particulares, agora inclui povos, nações, milhões de pessoas. Países ou grupos multinacionais controlam toda a riqueza com uma liberdade que não se pode discutir, continuam a fazer da riqueza a fonte de divisões e aproveitam-se dessas divisões para o seu domínio económico.
A propósito destas verdades e de muitas outras, baseando-se nas leituras de hoje, o senhor abade ía falando a medo da injustiça social. Como sempre, falar de economía, denunciando, é uma dor de cabeça. Porque a igreja não a concretiza dentro de si mesma (a começar pelas suas estruturas e membros hierárquicos) e porque o senhor, lá ao fundo da igreja, abana a cabeça porque está ali para ouvir falar de Deus e não de "política". Profetas precisam-se. Se o senhor abade sente repulsa em falar de injustiça social que convide leigos, comprometidos socialmente, para fazer a homilía.
Não te metas nisso rapaz!... Olha que este senhor abade veste fashion e o outro tem uma batina surrada....

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

"Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar, mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota".

Teresa de Calcutá

AMAI-VOS

Amai-vos...

Amai-vos um ao outro,
mas não façais do amor um grilhão.
Que haja, antes, um mar ondulante
entre as praias de vossa alma.
Enchei a taça um do outro,
mas não bebais da mesma taça.
Dai do vosso pão um ao outro,
mas não comais do mesmo pedaço.
Cantai e dançai juntos,
e sede alegres,mas deixai
cada um de vós estar sozinho.
Assim como as cordas da lira
são separadas e,no entanto,
vibram na mesma harmonia.
Dai vosso coração,
mas não o confieis à guarda um do outro.
Pois somente a mão da Vida
pode conter vosso coração.
E vivei juntos,
mas não vos aconchegueis demasiadamente.
Pois as colunas do templo
erguem-se separadamente.
E o carvalho e o cipreste
não crescem à sombra um do outro.

Gibran Kahlil Gibran

Pelo Tibete, pelos direirtos humanos, pela paz...

Perguntaram ao Dalai Lama:
“O que mais te surpreende na humanidade?”
E ele respondeu:
“os homens… porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer… e morrem como se nunca tivessem vivido”

Pelo Tibete, pelos Direitos Humanos, pela paz.

Passou por aí e foi pomo de discórdia!...
Pressões de uma crescente intolerância ... e os outros é que são fundamentalistas!!!
Pressões da economia chinesa perante a qual voltamos a ajoelhar
… e não nos podemos dar ao luxo que Pequim nos deixe de fora da sua rota de mercado, mesmo com os baixos salários com que Manuel Pinho acenou nessa mesma visita de Estado.
Para não falar no oportunismo demagógico de alguns...

O Nobel da paz esteve aí … mas … somos novos, não pensamos.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Só tenho medo de Deus


A propósito do furacão do México ouvi hoje, numa entrevista a um dos residentes, o seguinte comentário: “ Estou curioso… não sei o que vai acontecer! Não há-de ser nada… medo? Não, não tenho medo. Não tenho medo das coisas que podem acontecer. Medo… só o tenho de Deus! É o único ser de quem se pode ter medo.” Mais um deus de que sou ateu. Mas esta perspectiva deixou-me interrogações. Quantos crentes desse deus?!!! Tantos “evangelizados” a quem ainda não chegou a BOA-NOVA.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Ecumenismo



Ecumenismo e Verdade
Intenção Geral do Papa para o mês de SETEMBRO
Que a Assembleia Ecuménica de Sibiu, na Roménia, contribua para o crescimento da unidade entre todos os cristãos, pela qual o Senhor rezou na Última Ceia. [Intenção Geral do Papa para o mês de SETEMBRO]

1. Assembleia Ecuménica de SIBIU

O encontro ecuménico a que faz referência a Intenção do Santo Padre decorre entre os dias 4 e 9 deste mês de Setembro, na cidade de Sibiu, Roménia, país de maioria cristã ortodoxa. Trata-se da 3ª Assembleia Ecuménica, organizada pela Conferência das Igrejas Europeias (que reúne as Igrejas cristãs, excepto a Católica) e pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa (da Igreja Católica). O tema é: «A luz de Cristo a todos ilumina. Esperança de renovação e unidade na Europa». Informação mais abundante sobre a mesma pode ser encontrada na internet (www.eea3.org). É mais uma iniciativa cujo objectivo último deve ser a unidade e comunhão visíveis de todas as Igrejas cristãs, segundo a oração de Cristo na Última Ceia; mas não pode perder de vista objectivos mais imediatos: o aprofundamento dos laços de comunhão já existentes, a redescoberta e valorização dos factores de unidade entre as Igrejas e, sobretudo, o esforço de dar um testemunho comum e inequívoco no essencial: a fé em Deus Trindade e no Senhor e Salvador Jesus Cristo, o anúncio do seu Evangelho, o testemunho da caridade.

2. Ecumenismo e diálogo inter-religioso

É comum confundir ecumenismo com diálogo inter-religioso. No sentido próprio, a palavra ecumenismo significa o diálogo entre as diversas Igrejas ou comunidades eclesiais cristãs. E isto distingue-o do diálogo entre religiões. Esta distinção é fundamental, precisamente para evitar equívocos. De facto, um dos frutos mais acabados do movimento ecuménico foi ajudar os cristãos a tomarem consciência de algo evidente mas quase sempre ignorado: os cristãos das diversas Igrejas não constituem religiões diferentes, antes pertencem a uma mesma comunidade de fé, a comunidade dos discípulos de Cristo – embora separados por diferenças doutrinais, por vezes graves e quase intransponíveis. Entre eles, portanto, não há lugar a um diálogo entre religiões, mas a um diálogo entre membros da mesma religião – os quais, agrupados em comunidades separadas, durante séculos não se falaram e até se odiaram e mataram uns aos outros mas, apesar disso, não deixaram de constituir uma família.

3. Ecumenismo e identidade

O verdadeiro ecumenismo supõe a consciência clara e sofrida da falta de unidade e de como isso prejudica o inteiro corpo de Cristo. E supõe, também, por parte de cada cristão e das diversas Igrejas, a firmeza na própria identidade e a consciência de que esta é fonte de diferenças. Devem ser entendidos neste contexto os esclarecimentos recentemente publicados pela Congregação para a Doutrina da Fé sobre a compreensão que a Igreja Católica tem de si mesma – os quais, aliás, nada acrescentam ao anterior documento Dominus Iesus, da mesma Congregação, e às afirmações do Concílio Vaticano II: «Esta Igreja [a única Igreja de Cristo], constituída e organizada neste mundo como sociedade, subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele, embora fora da sua comunidade se encontrem muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica» (Constituição Lumen gentium, 8); e noutro documento, precisamente dedicado a reflectir sobre a unidade dos cristãos: «... só pela Igreja Católica de Cristo, que é o meio geral de salvação, pode ser atingida toda a plenitude dos meios de salvação» (Unitatis redintegratio, 3).
Ao afirmar o modo como se entende a si própria, a Igreja Católica não cria dificuldades acrescidas ao ecumenismo. Pelo contrário, presta um contributo inestimável ao diálogo com as outras comunidades eclesiais, clarificando o ponto de partida desse mesmo diálogo e contribuindo também para que aquelas reflictam sobre a própria identidade. O caminho ecuménico torna-se mais árduo? Sem dúvida, mas também mais verdadeiro. E se, como afirma Jesus, «a verdade nos torna livres» (cfr. João 8, 31), então o único caminho ecuménico capaz de libertar as Igrejas daquilo que, em todas, é impedimento para a plena unidade, é aquele percorrido na dureza própria da verdade e da fidelidade a Jesus Cristo.

in: Agência Ecclesia -Internacional Elias Couto 03/09/2007

Será a Igreja católica exemplo desta teologia, dentro de si mesma, na tolerância e caridade dos seus membros?