quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Quando sorrio...

Quando sorrio - faço alguém sorrir!
Quando sou feliz - faço alguém feliz!
Quando amo - faço alguém amar!
Quando cresço - faço alguém crescer!
E quando faço tudo isto
O mundo fica melhor!
E quando faço tudo isto
Sinto-me melhor!
E quando faço tudo isto
Recebo mais sorrisos!
Vejo mais felicidade!
Sinto-me mais amado!
E não preciso de dizer em que acredito...
Vê-se no meu olhar...

Missão da Igreja

A primeira missão da Igreja é o anúncio testemunhal de Jesus Cristo, que leva à fé cristã e à inerente adesão pessoal e comprometida ao mesmo Jesus Cristo, na Igreja…, adesão marcada pelo Baptismo e demais sacramentos da iniciação cristã. Proporcionar a todos os crentes, antes ou depois do Baptismo, esta iniciação, que se não reduz ao ensino da doutrina mas implica um processo catecumenal, é, com a evangelização, a tarefa mais urgente da Igreja. Com a educação da fé, e intimamente a ela ligada, vem a sua celebração, no sentido forte da palavra, particularmente na Liturgia. Esta, como diz o Concílio, é a meta para que tende a acção da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força. (…).Por fim, todos os baptizados …, como Igreja, tornam o mundo mais conforme o pensamento de Deus e nele vão construindo a Igreja de Cristo. Mas isto exactamente coloca um desafio pastoral: aprofundar a fé das pessoas e das comunidades, crescendo na compreensão do mistério, no conhecimento da doutrina da Igreja e na experiência da oração. É preciso, igualmente, crescer na consciência da co-responsabilidade apostólica, vivida em diálogo e em espírito de serviço, descobrindo que a pluralidade dos dons, dos caminhos e dos contributos de cada um, vivida na unidade da comunhão, é essencial a toda e qualquer comunidade cristã, para que possa ser dinamizada para a missão
Ora, o lugar prioritário e específico dos leigos é a construção do Reino de Deus no Mundo. O interior da Comunidade pode ser uma nova forma de "fuga mundi"
Sabemos todos, é verdade, teoricamente, que igreja não é uma pura instituição humana, antes um "sacramento, um sinal e um instrumento" de Jesus e de Deus. Apesar disso há os muitos que insistem na velha igreja instituição de Trento!
Há também os vão pelo activismo: preciso é fazer, atingir metas, façamos programas, tracemos objectivos, que parar é morrer, e a actividade salva, negando à Igreja a sua vertente sacramental, e querendo-a uma simples associação de simpatizantes…. (praticantes)!

E perde-se assim a Igreja em puras discussões internas, descredibilizando-se perante o mundo e perante si própria. Tenho assistido e participado, ultimamente em acesos debates acerca do que diz o novo papa, do que fazem os bispos e do que devem ser os padres.
- Não estará a Igreja a esquecer o sua missão fundamental: familiarizar-se com Deus e ser d’Ele testemunha?
- Não estará a esquecer o seu crescimento na igualdade humana e sua dinamização também na sociedade, debatendo-se em chamar mestre e senhor, dentro e fora de si?
- O falso ídolo do endeusamento dos que são bons e maus não estará a atormentar demasiado a Igreja, impedindo-a de crescer no serviço do anúncio?
- E o mandamento novo… onde está…? Onde está o vede como eles se amam?
- Dai de graça o que recebeste de graça e o Senhor fará crescer o número daqueles que amam.
Parece o Governo português… e não só…, mais preocupado com questões internas do que com a sua missão? Mais preocupado em colher impostos do que em usá-los justamente… mais preocupado com os 2,1% de consumo de combustível em Espanha do que em aliviar-lhe a carga fiscal…
Temos um tesouro e preocupamo-nos mais em construir a caixa forte do que em o aministrar…

terça-feira, 27 de novembro de 2007

É o final da vida e o início da sobrevivência.

Hoje não escrevo nada meu....
Deixo-me deliciar...
lambuzo-me...
com uma carta escrita, em 1854, pelo chefe Seatle ao presidente dos EUA, Franklin Pierce, quando este propôs comprar grande parte das terras de sua tribo, oferecendo, em contrapartida, a concessão de uma outra "reserva".
De vez em quando saboreio-a... Hoje transcrevo-a para quem, passando por aqui, e não querendo ler apenas tontices de um velho profeta (muitas vezes da desgraça), possa ler ou reler...

No fim levante-se, e agradeça ao seu Deus, seja ele qual for... (e se não o tiver pense porquê)... as sábias palavras colocadas na voz deste homem selvagem(!)

Desculpem o tamanho do texto (sei que não estamos na era da quantidade) mas vale o esforço...

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, com é possível comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrada para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das arvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do potro, e o homem - todos pertencem a mesma família.
Portanto Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil.
Essa terra é sagrada para nós.Essa água brilhante que escorre nos riachos não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se que ela é sagrada e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida de meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.Os rios são nossos irmãos e saciam nossa sede.
Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há lugar quieto na cidade do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o deabrochar das flores na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez porque eu sou um selvagem e não compreenda. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o canto solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo.
O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio verão limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se verdermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro aspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição, o homem branco deve tratar os animais dessa terra como irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planîcie, abandonados pelo homem branco que o alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecermos vivos.
O que é os homens sem os animais? Se todos os animais se fossem os homens morreriam de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.Isto sabemos: a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisa estão ligadas como o sangue que une a família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fazer ao tecido, fará a si mesmo.Mesmo o homem branco cujo Deus caminha e fala como ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídos por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia?

Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Amamos o que fazemos?

A maior parte da nossa vida pensamo-la em termos de êxito. A sociedade estabeleceu, com todo o carinho, um padrão pelo qual mede o nosso sucesso e o nosso insucesso. Se amamos uma coisa e a fazemos com todo o nosso ser já não nos importamos com o êxito. Ou o fracasso. Tudo o que nos importa é perceber os factos e compreender o problema. Então não temos de pensar no sucesso. Só quando não amamos o que fazemos pensamos nestes termos.

domingo, 25 de novembro de 2007

O neo-feudalismo das privatizações!!!
Poder e serviço do governo ... uma confusão!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A voz da Igreja acerca da globalização

Analisando o contexto actual, além de se divisar as oportunidades que se abrem na era da economia global, percebem-se também os riscos ligados às novas dimensões das relações comerciais e financeiras. Não faltam, efectivamente, indícios reveladores de uma tendência para o aumento das desigualdades, quer entre países avançados e países em desenvolvimento, quer no interior dos países industrializados. A crescente riqueza económica possibilitada pelos processos descritos é acompanhada por um crescimento da pobreza relativa.

A contínua deterioração dos termos do comércio de matérias-primas e o agravamento da diferença entre países ricos e países pobres levou o magistério a chamar a atenção para a importância dos critérios éticos que deveriam orientar as relações económicas internacionais: a busca do bem comum e o destino universal dos bens; a equidade nas relações comerciais; a atenção aos direitos e às necessidades dos mais pobres nas políticas comerciais e de cooperação internacional. De outra forma, os «povos pobres ficam sempre pobres e os ricos tornam-se cada vez mais ricos»

«A liberdade das transacções só é equitativa quando sujeita às exigências da justiça social»

«No passado, a solidariedade entre as gerações constituía, em muitos países, uma atitude natural por parte da família; hoje, tornou-se também um dever da comunidade»

in "Compêndio de Doutrina Social da Igreja" 361 a 367

A globalização comporta uma mentalidade particular sobre os valores técnicos e sobre a riqueza, esquecendo valores fundamentais da convivência humana ...


Vaticano anuncia nova encíclica do Papa
Bento XVI vai apresentar reflexão sobre a esperança

E DEPOIS DA GLOBALIZAÇÃO A DESGLOBALIZAÇÃO?

Depois da abertura e integração dos mercados surgirá a "desglobalização"
E depois da globalização?
A globalização parece um fenómeno inevitável e imparável. Mas um economista e um historiador estudaram processos semelhantes nos últimos mil anos, incluindo os Descobrimentos portugueses, e chegaram à conclusão que, a seguir a uma globalização, vem inevitavelmente uma "desglobalização".…Será que, agora que a economia mundial está outra vez a ficar rapidamente mais globalizada, já estamos mais a salvo da ocorrência de conflitos? E que a hipótese de um recuo na interdependência entre as várias economias se tornou mais improvável? Há quem responda que sim, defendendo que a actual globalização é muito mais forte do que as anteriores e que os avanços tecnológicos aumentaram os níveis de comunicação de forma nunca vista. Mas Ronald Findlay e Kevin O"Rourke, que, no seu livro "Power and Plenty", estudaram os avanços e recuos no processo de globalização ocorridos durante os últimos mil anos, chegaram à conclusão que não há nada na situação actual que a torne particularmente diferente e inovadora. E que, assim sendo, o mais provável é que, mais tarde ou mais cedo, se venha a assistir a um agravamento das tensões políticas e económicas internacionais, com um novo recuo no processo de globalização, ou como classificam os autores, uma "desglobalização". …"Há 100 anos, o mundo estava tão ou mais globalizado que hoje", exemplifica Kevin O"Rourke, historiador. "O trabalho era mais móvel e o capital tão móvel, com a excepção dos grandes fluxos de investimento especulativo que temos actualmente", explica. E quanto aos avanços nas comunicações, também não há nada de muito impressionante. "Tem havido progressos muito importantes, sem dúvida, mas o aparecimento do telégrafo representou uma mudança ainda mais radical na capacidade para se transmitir informação entre continentes", defende. …"Uma coisa que a globalização faz é aumentar a interdependência, mas isso conduz também a um sentimento de maior insegurança e vulnerabilidade", explica o economista Ronald Findlay. Um dos exemplos deste fenómeno ocorreu há cem anos: "A Inglaterra, ficou muito dependente das importações de matérias-primas. E, por isso, começou a ver o poder naval alemão como uma ameaça, reforçando a sua defesa. A Alemanha respondeu na mesma moeda e de repente estava criada uma corrida ao armamento naval". Actualmente, o petróleo é o produto com um potencial maior para criar este tipo de problemas. "Veja-se a forma como a China está a tentar entrar em África para assegurar matérias-primas e qual será a reacção do Ocidente", afirma Kevin O"Rourke. …"Com a globalização, há sempre quem ganha e quem perca. E se quem perder tiver poder suficiente, pode mobilizar os políticos, colocá-los contra a globalização e reverter o processo", explica O"Rourke. …Por exemplo, Gengis Khan criou uma economia muito global em meados do século XIII, mas quando o império mongol caiu, a Ásia central tornou-se ingovernável e o comércio ficou muito difícil. Na situação actual, é difícil prever quais os factores que se revelarão mais ameaçadores para a presente globalização. "Não conseguimos dizer qual é que vai ser dominante, mas vão ser ambos importantes", diz Ronald Findlay. Uma coisa é certa, a China, seja pela vertente económica, seja pela geopolítica, irá sempre desempenhar um papel importante. "A China, ao industrializar-se, vai precisar cada vez mais de garantir o fornecimento de matérias-primas. E para isso, vai precisar de manter os excedentes comerciais ao nível dos produtos manufacturados", (…) é interessante pensar no que poderá acontecer, no espaço de décadas, quando o Ocidente, por causa da perda de empregos, decidir impedir a entrada de produtos chineses. Um cenário que, tendo em conta as posições contra o comércio chinês assumidas já por muitos políticos, tanto no Congresso norte-americano, como em governos europeus, está longe de ser irrealista. É por isso que Findlay e O"Rourke mais uma vez concluem: "Isto pode voltar tudo atrás, como era em 1940..."

23.11.2007 - 09h35 Sérgio Aníbal

Retirado de "O público"
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1311629

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Novas formas de comunidade ... ideias perigosas?

As estruturas da Igreja de hoje não respondem cabalmente à sua missão: fazer chegar a todos os homens Jesus Cristo. Este modelo baseado em programações está longe de responder a um mundo que já não é de cristandade.
Um edifício, um pároco e um rebanho reunido na base de uma área paroquial é limitativo da missão anunciadora e denunciadora da Igreja. Baseia-se fundamentalmente na capacidade (ou não) do líder paroquial. Uma das consequências primeiras é a capacidade desse líder (o pároco) ser ou não congregador da comunidade. (Resultando em mobilidade ou desistência dos membros).
Verificamos que as nossas igrejas estão cada vez mais vazias, senão mesmo vazias, durante a semana. (Por questões de segurança estão mesmo fechadas). Excepção seja feita às tradicionais igrejas dos grandes centros onde as pessoas entram, anonimamente, para procurar um pouco de paz, descanso, intimidade… ou um confessor anónimo onde possa despejar o saco sem ser reconhecidas. Numa igreja de programações o pároco prega, faz casamentos, funerais, visita os doentes nos hospitais, atende o cartório, reúne com as comissões, encontros e, conforme o tamanho da igreja, supervisiona a equipe pastoral. Ele não tem tempo para conhecer a maior parte dos seus paroquianos. Não há tempo, numa semana atarefada, para conhecer o descrente. A comunidade, por sua vez, segue o exemplo do pastor. Se ele não converte (a não ser na sua homilia) eles também não tentam converter. Se a conversão não é prioridade para o líder, também não o é para a comunidade. Os agentes não são mais de 15% dos membros crentes da comunidade. Resta aos outros participar nas reuniões programadas para eles. A consequência é: uma elevada percentagem de elementos inactivos que, depois de participarem em uma ou duas reuniões, desistem pelo menos metade. (E procuram outros grupos onde encontrem espiritualidade, sensibilidade, religiosidade e outras ades…).
Um dos problemas numa estrutura destas é a comunidade “comunhão”. Não há tempo para apoio aos membros, não há lugar à intimidade. Os programas afastam os membros uns dos outros. Quando eles se encontram é no cenário neutro da igreja. Cada encontro é cuidadosamente programado: há um ensaio do coral, uma reunião de leitores, de catequistas, um orçamento a ser preparado. Unir-se em amor e compromisso não é possível. E depois celebra-se (a vida)… com cara de enterro. Não podemos esquecer que os homens de hoje estão mais interessados em “curtir a vida” do que em pensar na eternidade.
Não teremos algo mais a dar ao mundo entre o agora e a eternidade?
E depois analisamos a vida da igreja com base nos censos!
Falta de vocações… sim mas para párocos ou para padres? (já não falo no celibato nem na ordenação de mulheres!...)
Onde estão as comunidades de fé numa estrutura de programações?
Não se faz comunhão, não se faz evangelização, não se faz corresponsabilidade, dificilmente se faz partilha, formação… se faz Igreja, numa organização assim!...

terça-feira, 20 de novembro de 2007

CRISTO REI e os reizinhos do nosso tempo!

A Igreja celebra, no próximo Domingo o dia de CRISTO REI. Esta festa foi instituída por Pio XI em 11 de Dezembro de 1925, com a encíclica Quas Primas. Pretendia-se afirmar a importância de Jesus para a humanidade.
A instituição da festa de Cristo Rei, em 1925 ressente-se do peso da história. Pio XI quer promover o reconhecimento de Jesus Cristo como o verdadeiro senhor de todos os corações, da Igreja e da sociedade. Assinala, com razão, a perda do referencial maior como a causa da arbitrariedade e do domínio do mais forte sobre o mais fraco.
Seria errado, contudo, pensar que basta invocar a realeza de Cristo para mudar essa realidade. O reinado de Cristo não consiste na sua coroação e entronização nos lares e ambientes de sociedade; está, antes, em usar e realizar os seus critérios nas relações. Afirmar Cristo como rei, significa tornar-se um servidor ou servidora como ele o é; cuidar dos necessitados como ele cuida; criticar os poderes constituídos como ele o faz; viver na simplicidade e no despojamento como ele. Nisto está a diferença qualitativa em relação aos modelos vigentes.

Os reizinhos do nosso tempo, a começar pela própria igreja hierárquica, na sua falta de humildade… dos bispos e padres que preconizam um despotismo pouco iluminado pela fé, desconhecendo a realidade da pobreza, da mansidão e da justiça... desconhecendo as dificuldades da família em viver os pesados jugos morais que lhe são colocados sobre os ombros… ou das realidades humanas dos marginalizados pela igreja, por não saberem amar(dizem!) ou por muito amarem … (divorciados, casados em segundas núpcias, ex-padres). Desconhecendo a solidariedade e a caridade, mesmo entre eles.

À Igreja de Jesus ainda falta alguma coisa para interiorizar a lógica da realeza de Jesus. Depois dos exércitos para impor a cruz, das conversões forçadas e das fogueiras para combater as heresias, continuamos a manter estruturas que nos equiparam aos reinos deste mundo… A Igreja corpo de Cristo e seu sinal no mundo necessita que o seu Estado com território (ainda que simbólico) seja equiparado a outros Estados políticos? A Igreja, esposa de Cristo, necessita de servidores que se comportam como se fossem funcionários superiores do império? A Igreja, serva de Cristo e dos homens, necessita de estruturas que funcionam, muitas vezes, apenas segundo a lógica do mercado e da política? Que sentido é que tudo isto faz?

Os reizinhos do nosso tempo, leigos que se entronizam por fazerem “o papel de leigos”! por serem empossados de poder ao lado de tantos humildemente dedicados ao amor pelos outros.

Os reizinhos que, na vida pública, política e económica, se servem dos “tachos” para terem viagens, carros de luxo, domínio sobre o pobre.

Os reizinhos que na vida privada utilizam o seu status de homem para bater nas suas esposas.

O século XX mostrou o quanto as relações internacionais sofreram devido à vontade de poder. Os acontecimentos recentes de invasões e prepotências mostram a importância de outros critérios para as relações humanas.

Aceitar Jesus Cristo como rei é, então, receber o seu Espírito, continuando a sua maneira de ser, a sua cruz e o seu amor aos outros. Significa dispensar as grandezas e glórias geralmente associadas ao poder. Aceitar pertencer a uma comunidade pequena, pobre e insignificante, mas atenta ao Evangelho e ao princípio do amor ao próximo e a Deus.
Também ,assim, seremos reis, nós os critãos, afrontando a forma de ser rei dos nossos governantes, patrões e empregados, politicos e economistas, chefes de família e filhos, gente aproveitadora do facto de terem a responsabilidade de servir(sevindo-se).

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O que deveria mudar na igreja portuguesa?

O resultado é inconclusivo... ou não!


É necessário mudar algo...

A formação dos leigos 33%

A formação dos padres 22%

A estrutura administrativa 44%

Que quer isto dizer?

sábado, 17 de novembro de 2007

MAS... ONDE ESTÁ A MORAL DO GOVERNO


imagem retirada de http://www.str.com.br/Libertas/moral.jpg

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Visão caricaturizada da igreja

Como dizia Santo Agostinho: "Há os que se crêem dentro e estão fora; e há os que se crêem fora e estão dentro".

Deixou-me, mais uma vez, meditabundo e comovido a forma como vou lendo alguns comentários acerca da igreja. As confusões, a sã dúvida e a sã busca da verdade que muitas mulheres e homens, do mundo que habito, fazem acerca da Igreja.

Falta da presença visível de Cristo na sua organização;
Lugar de todas as superstições;
Local dos poderosos
Negócio chorudo;
Números:
Ritualismos;
Onda retrógrada de valores;
Praticantes e não praticantes;
Simpatizantes;


Visão caricaturadas de uma realidade, que não pode ser alheada da interdisciplinaridade do nosso quotidiano.
É facto que a igreja tem de fazer um mea culpa destas visões. A falta de seriedade com que se assumem ou não convições... ou o fruto mal colhido de tantas sementeiras mal feitas são o grande pecado do nosso tempo. É certo que milhões de homens não querem ouvir falar nesta Igreja. O homem que procura Deus, que procura justiça, que procura solidariedade, que procura transcendência, terá na igreja (dos bispos, dos padres, das beatas, dos poderosos, dos números, das proibições, do laxismo…) esta resposta? E tu cristão, que fazes por isso? Que fazes pelo mar, querida gota de água?

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Não queremos padres professores, padres operários, padres casados, padres celibatários…

"É preciso mudar o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros para se ter uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II, na qual esteja bem estabelecida a função do clero e do laicado, tendo em conta que todos somos um, desde quando fomos baptizados e integrados na família dos filhos de Deus, e todos somos corresponsáveis pelo crescimento da Igreja”Pediu Bento XVI aos bispos portugueses.
“Se fosse eu a influenciar o discurso do Papa acho que haveria alguns tópicos importantes a sublinhar: a urgência da formação de adultos; os padres apostarem na sua missão específica; valorização da espiritualidade; necessidade de experiências provocantes da fé; nova configuração da presença da igreja na sociedade e a urgência da igreja não fechar os olhos aos problemas dos mais carenciados da sociedade.” Ou então: “temos uma pastoral muito erótica porque fica apenas nos desejos.”
Tinha já dito D. Carlos Azevedo.

Que vamos fazer então?

Agir à luz do Evangelho de Cristo iluminando com a lei do amor as realidades dos homens portugueses, tornando a igreja pobre com os pobres, humilde com os humildes, sofredora com os que sofrem?
Como se os bispos não conhecem a realidade das comunidades, os padres não conhecem a realidade da família, do desemprego ou da pobreza (nem são educados para tal… em internato e celibato?
Agir na corresponsabilidade e igualdade pelo baptismo?
Como se os leigos continuam a se vistos como uma solução (mal necessário) para a falta de padres?
Como se os leigos continuam a receber formação para serem padres de segunda… “mais papistas que o papa”?
Agir na renovação de estruturas?
Como se se pretende continuar com a estrutura caduca da paróquia e do pároco e seus “fregueses” sem apostar em comunidades de fé e de valorização da espiritualidade?

Mudam-se os párocos e as comunidades mudam as estruturas para se acomodar a uma visão diferente do novo chefe…
Aparece um novo pároco e passam a “pagar-se” os sacramentos … ou não!
O bispo muda o pároco (sem ouvir a comunidade) e acontece a descontinuidade.
A mentalidade de pároco residente continua a ser incutida de cima…
Afinal qual o estatuto económico do clero? São assalariados ou com justo sustento?!!!!....
Direito a cobrar deslocações?... olha se os leigos também começam a cobrar!...

Igreja povo de Deus com múltiplas funções e missões (não há pretos nem brancos. São todos azuis… azuis claros à frente… azuis escuros atrás).

Novas maneiras de ser padres: ministros da comunidade para a comunidade precisam-se.
Não queremos padres professores, padres operários, padres casados, padres celibatários… queremos ministros ordenados da comunidade, com missões especificas, tais como todas as outras, dentro da comunidade. (louco, energúmeno e inergúmeno)!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Fala-me da eternidade

Hoje o dia começou com um pedido de alguém, sentado à mesa de café:
"Fala-me de Deus… fala-me do Amor… fala-me da Paz… fala-me do Céu…! "
Não! Não te falarei de nada disso.
Deixa-me falar-te do tempo.
Deixa-me falar-te da alegria e da tristeza que sentes e de como o tempo passa ou demora a passar, de acordo com os teus estados de espírito.
Já reparaste que quando estás triste o tempo demora a passar?...
Já viste como se eternizam os momentos em que amas e és amado?
O tempo fica em suspensão e passa em segundos quando tens paz, quando amas e és amado.
Deixa-me falar-te de eternidade… ou melhor… de eternidades.
Quando não sentires o tempo a passar talvez tenhas tido a experiência de Deus, do Amor, da Paz… talvez possas perceber o que é o Céu… a Eternidade.

É tão bom... não foi?

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Notas sobre associativismo cultural

Não tenho idade para ter pertencido às fileiras do associativismo cultural anterior ao 25 de Abril. Estou, no entanto, consciente que o associativismo cultural era uma ilha de cultura e de cidadania. Uma das poucas formas que se abria ao cidadão para participar activamente no processo democrático da cultura.
Hoje, o associativismo cultural, continua a ser uma das formas de viver a liberdade, de educar para a cidadania.
Pertencer a uma associação cultural é ser actor na cidade, parceiro inegável e indispensável do desenvolvimento cultural a nível local. As associações culturais são educadoras para a cidadania dos seus elementos.
As associações fazem com que os seus membros passem de meros consumidores dos fenómenos culturais a “fazedores” de cultura.
Assim me entendo como membro e dirigente de grupos culturais.
Ser membro de uma associação é partilhar com alegria projectos de cultura, de valores, de humanização das nossas comunidades.
Fazer associativismo é fazer com que os que pertencem às associações se sintam felizes por criar, por ser reconhecidos no seu “dar”, por humanizar a sociedade.
Estará em crise o associativismo?
Porquê?
Este debate não me parece estar feito:
qual o papel do associativismo no século XXI?
A questão é que os cidadãos começam a estar indiferentes ao associativismo.
Que consequências pode isto trazer?

terça-feira, 6 de novembro de 2007

(IN)TOLERÂNCIA RELIGIOSA E LAICISMO, NOVA RELIGIÃO DO ESTADO


A Carta sobre a Tolerância, publicada em 1689, é talvez um dos textos mais conhecidos de John Locke, filósofo inglês, do séc. XVII.
Aparece no contexto de divergências e perseguições religiosas, que tiveram a sua origem na Reforma protestante e na Contra Reforma católica. A Reforma de Lutero de 1517 teve como consequência imediata a cisão da unidade doutrinária do Ocidente, garantida, durante séculos, pela Igreja de Roma. Á data da publicação da Carta sobre a Tolerância, 1689, tinham entretanto surgido, no seio da Reforma protestante, uma miríade de Igrejas e confissões religiosas.
Em muitos aspectos, o séc. XVII foi o século da intolerância religiosa, na Europa.
O diálogo entre homens de fé, ou como diríamos hoje, o diálogo inter-religioso, é um diálogo de razões, de argumentos balizados pelos princípios da razão clássica (a evidência; a coerência; o método e a verdade), e não um confronto de fé ou credos religiosos, mais ou menos fanáticos.
O Estado deve respeitar a liberdade religiosa e as Igrejas, o predomínio do Estado e da lei, na organização social. O Estado não pode, sob pena de violar o princípio da tolerância, proibir ou condicionar a prática de ritos e cultos religiosos, seja ele qual for, a não ser no caso em que a prática religiosa ponham em risco «a vida ou propriedade alheia» (Locke).
Locke não é defensor de um Estado laico, sem religião, ou onde o laicismo é uma espécie de ‘religião pública’ do Estado, mas antes de um Estado tolerante, que acomoda em si a expressão, livre e pública, de todas as convicções religiosas dos seus cidadãos. Neste sentido, a lição que se pode retirar da Carta sobre a Tolerância é da maior importância. Porque é em nome do Estado laico, que muitos países do Ocidente têm vindo a restringir a expressão, livre e pública, dos sentimentos religiosos dos seus cidadãos. Ao querer restringir, ou condicionar, a expressão livre das convicções religiosas dos cidadãos, o Estado, como o próprio Locke já tinha previsto no séc. XVII, contribui para o aumento da intolerância religiosa. Proibir o uso no espaço público de símbolos religiosos é uma violação do princípio da tolerância e da separação entre Estado e religião. O Estado tolerante preconizado por Locke, não encara a religião como um problema, nem como uma ameaça, mas antes como uma forma de aumentar a liberdade e direitos dos seus cidadãos, no respeito pelo princípio da tolerância religiosa.


A propósito disto vai uma nota positiva ao Bispo Carlos Azevedo que diz da Concordata de 2004: "Com a nova Concordata criou-se uma nova mentalidade. A Concordata corresponde a uma nova perspectiva do papel da igreja na sociedade. Parece que não estávamos preparados para tal e não percebemos a perspectiva do II Concílio do Vaticano sobre as relações Igreja/Estado.
Por outro lado, o momento actual coincide com um laicismo mais vivo que não compreende a dimensão religiosa na vida cultural e social do povo.
O que falta é criar estruturas de negociação para que a Concordata seja regulamentada. Parece que se criou um certo vazio legal. A Concordata está em vigor mas terá que existir uma regulamentação como havia na antiga Concordata. Enquanto não há, alguns membros do Governo começam a tomar medidas soltas.
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