quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Novas formas de comunidade ... ideias perigosas?

As estruturas da Igreja de hoje não respondem cabalmente à sua missão: fazer chegar a todos os homens Jesus Cristo. Este modelo baseado em programações está longe de responder a um mundo que já não é de cristandade.
Um edifício, um pároco e um rebanho reunido na base de uma área paroquial é limitativo da missão anunciadora e denunciadora da Igreja. Baseia-se fundamentalmente na capacidade (ou não) do líder paroquial. Uma das consequências primeiras é a capacidade desse líder (o pároco) ser ou não congregador da comunidade. (Resultando em mobilidade ou desistência dos membros).
Verificamos que as nossas igrejas estão cada vez mais vazias, senão mesmo vazias, durante a semana. (Por questões de segurança estão mesmo fechadas). Excepção seja feita às tradicionais igrejas dos grandes centros onde as pessoas entram, anonimamente, para procurar um pouco de paz, descanso, intimidade… ou um confessor anónimo onde possa despejar o saco sem ser reconhecidas. Numa igreja de programações o pároco prega, faz casamentos, funerais, visita os doentes nos hospitais, atende o cartório, reúne com as comissões, encontros e, conforme o tamanho da igreja, supervisiona a equipe pastoral. Ele não tem tempo para conhecer a maior parte dos seus paroquianos. Não há tempo, numa semana atarefada, para conhecer o descrente. A comunidade, por sua vez, segue o exemplo do pastor. Se ele não converte (a não ser na sua homilia) eles também não tentam converter. Se a conversão não é prioridade para o líder, também não o é para a comunidade. Os agentes não são mais de 15% dos membros crentes da comunidade. Resta aos outros participar nas reuniões programadas para eles. A consequência é: uma elevada percentagem de elementos inactivos que, depois de participarem em uma ou duas reuniões, desistem pelo menos metade. (E procuram outros grupos onde encontrem espiritualidade, sensibilidade, religiosidade e outras ades…).
Um dos problemas numa estrutura destas é a comunidade “comunhão”. Não há tempo para apoio aos membros, não há lugar à intimidade. Os programas afastam os membros uns dos outros. Quando eles se encontram é no cenário neutro da igreja. Cada encontro é cuidadosamente programado: há um ensaio do coral, uma reunião de leitores, de catequistas, um orçamento a ser preparado. Unir-se em amor e compromisso não é possível. E depois celebra-se (a vida)… com cara de enterro. Não podemos esquecer que os homens de hoje estão mais interessados em “curtir a vida” do que em pensar na eternidade.
Não teremos algo mais a dar ao mundo entre o agora e a eternidade?
E depois analisamos a vida da igreja com base nos censos!
Falta de vocações… sim mas para párocos ou para padres? (já não falo no celibato nem na ordenação de mulheres!...)
Onde estão as comunidades de fé numa estrutura de programações?
Não se faz comunhão, não se faz evangelização, não se faz corresponsabilidade, dificilmente se faz partilha, formação… se faz Igreja, numa organização assim!...

3 comentários:

PDivulg disse...

Partilho dessas inquitações... De facto urge mudar as comunidades que deixem de ser tão burocráticas e que passem a ser ninho do Amor de Deus...

Padre Inquieto disse...

Eu também partilho as tuas inquietações... elas são as minhas. As mudanças não podem ser só aparentes têm de ir mais além. Olha divulguei as tuas ideias no meu blog. Espero que não te importes...
Um colega

inergumeno disse...

Ninho do amor de Deus... gostei. grato padre inquieto! colega? nauta... porque de padre só a raiz latina: pai. Abraço e como a horizontalidade é um escolho para a renovação (segundo Bento XVI) cuidado com os colegas...eh! eh! eh!