terça-feira, 20 de novembro de 2007

CRISTO REI e os reizinhos do nosso tempo!

A Igreja celebra, no próximo Domingo o dia de CRISTO REI. Esta festa foi instituída por Pio XI em 11 de Dezembro de 1925, com a encíclica Quas Primas. Pretendia-se afirmar a importância de Jesus para a humanidade.
A instituição da festa de Cristo Rei, em 1925 ressente-se do peso da história. Pio XI quer promover o reconhecimento de Jesus Cristo como o verdadeiro senhor de todos os corações, da Igreja e da sociedade. Assinala, com razão, a perda do referencial maior como a causa da arbitrariedade e do domínio do mais forte sobre o mais fraco.
Seria errado, contudo, pensar que basta invocar a realeza de Cristo para mudar essa realidade. O reinado de Cristo não consiste na sua coroação e entronização nos lares e ambientes de sociedade; está, antes, em usar e realizar os seus critérios nas relações. Afirmar Cristo como rei, significa tornar-se um servidor ou servidora como ele o é; cuidar dos necessitados como ele cuida; criticar os poderes constituídos como ele o faz; viver na simplicidade e no despojamento como ele. Nisto está a diferença qualitativa em relação aos modelos vigentes.

Os reizinhos do nosso tempo, a começar pela própria igreja hierárquica, na sua falta de humildade… dos bispos e padres que preconizam um despotismo pouco iluminado pela fé, desconhecendo a realidade da pobreza, da mansidão e da justiça... desconhecendo as dificuldades da família em viver os pesados jugos morais que lhe são colocados sobre os ombros… ou das realidades humanas dos marginalizados pela igreja, por não saberem amar(dizem!) ou por muito amarem … (divorciados, casados em segundas núpcias, ex-padres). Desconhecendo a solidariedade e a caridade, mesmo entre eles.

À Igreja de Jesus ainda falta alguma coisa para interiorizar a lógica da realeza de Jesus. Depois dos exércitos para impor a cruz, das conversões forçadas e das fogueiras para combater as heresias, continuamos a manter estruturas que nos equiparam aos reinos deste mundo… A Igreja corpo de Cristo e seu sinal no mundo necessita que o seu Estado com território (ainda que simbólico) seja equiparado a outros Estados políticos? A Igreja, esposa de Cristo, necessita de servidores que se comportam como se fossem funcionários superiores do império? A Igreja, serva de Cristo e dos homens, necessita de estruturas que funcionam, muitas vezes, apenas segundo a lógica do mercado e da política? Que sentido é que tudo isto faz?

Os reizinhos do nosso tempo, leigos que se entronizam por fazerem “o papel de leigos”! por serem empossados de poder ao lado de tantos humildemente dedicados ao amor pelos outros.

Os reizinhos que, na vida pública, política e económica, se servem dos “tachos” para terem viagens, carros de luxo, domínio sobre o pobre.

Os reizinhos que na vida privada utilizam o seu status de homem para bater nas suas esposas.

O século XX mostrou o quanto as relações internacionais sofreram devido à vontade de poder. Os acontecimentos recentes de invasões e prepotências mostram a importância de outros critérios para as relações humanas.

Aceitar Jesus Cristo como rei é, então, receber o seu Espírito, continuando a sua maneira de ser, a sua cruz e o seu amor aos outros. Significa dispensar as grandezas e glórias geralmente associadas ao poder. Aceitar pertencer a uma comunidade pequena, pobre e insignificante, mas atenta ao Evangelho e ao princípio do amor ao próximo e a Deus.
Também ,assim, seremos reis, nós os critãos, afrontando a forma de ser rei dos nossos governantes, patrões e empregados, politicos e economistas, chefes de família e filhos, gente aproveitadora do facto de terem a responsabilidade de servir(sevindo-se).

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