sábado, 29 de dezembro de 2007

AS PESSOAS SENSÍVEIS





As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão."

Ó vendilhões do templo
Ó constructores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.




Sophia de Mello Breyner Andresen
(Livro sexto)

domingo, 23 de dezembro de 2007

NATAL

Jesus, que era de condição divina, não reivindicou essa sua condição, pelo contrário, tomou a condição de servo, em tudo semelhante aos homens, identificando-se com eles, e rebaixando-se a si mesmo até à morte de cruz; por isso é que Deus o exaltou acima de tudo e de todos (cf Filp 2,6-8 e Ef 1,20-23).
Se Jesus fez isto, à Igreja - a quem ele entregou a continuação da sua obra ou missão ou tarefa - não resta outra hipótese. Tem de o fazer também e baixar à condição dos homens, não reivindicando direitos ou regalias, mas servindo.
Deus fez-se pobre para ajudar o pobre a ser rico, retomando assim a expressão de Paulo: "Nosso Senhor Jesus Cristo, que era rico, fez-se pobre para nos enriquecer com a sua pobreza" (Cor, 8.9).
A Igreja é um Natal continuado.
??? será??? gostava de ouvir alguém falar disto!!! desafio-vos ...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

VIDA E PAZ

Comunidade Vida e Paz (CVPaz) é uma organização de inspiração cristã, tutelada pelo Cardeal-Patriarca, sem fins lucrativos que se dedica a apoiar as pessoas sem-abrigo com o objectivo último de assistir a sua recuperação humana, tornando-os participantes activos na sociedade.
A CVPAZ é, também, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), com sede em Alvalade. Embora seja de inspiração cristã, a CVPaz congratula-se com o facto de ter o apoio de numerosas entidades e pessoas de diferente fé e diferente fundamentação humanística, que se lhe unem no sentido de prestar serviço à sociedade.
Todas as noites – sem excepção – três equipas de nove pessoas percorrem três voltas distintas na cidade de Lisboa, distribuindo uma ceia (sempre que possível, duas sandes, um bolo, leite e fruta) e roupa a cerca de 450 pessoas sem-abrigo.
Esta actividade diária permite ir conhecendo a situação em que cada pessoa está e assim tentar obter-lhes a ajuda que necessitam (pode ser médica, psicologia, jurídica, etc). O desenvolvimento desta relação permite dar a conhecer e encorajar estas pessoas para um programa de reinserção que lhes forneça as principais ferramentas para se transformarem em cidadãos autónomos e participantes.


in Agência ecclesia

Porque comentamos sempre o negativo, o insólito, o vergonhoso... e nunca comentamos o positivo louvando-o? Hoje no Evangelho: os cegos vêem, os coxos andam ... e a Boa Nova é anunciada aos pobres. A igreja de Jesus Cristo é, nesta notícia, portadora da realização da Boa Nova no já da história. ALELUIA. O alimento para os esfomeados é também o novo nome da paz! E uma das linguagems dos cristãos.

Deve ser efeito da proximidade do natal... hoje não fui maledicente!
Hoje também a comunicação social se rendeu ao positivo...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

PAI NATAL OU MENINO JESUS????

O consumismo do Natal deixa-me sempre uma interrogação: Presentes do menino Jesus ou do Pai Natal?
Fui há dias procurar uma imagem do Natal na internete... O pai natal ocupava toda a busca.
Quem sabe a história de S. Nicolau? e da Coca Cola?
A inversão de valores...
Vem aí o natal e temos lautas ceias e jantares de grupos e empresas. Haverá por aí empresas que convidem os funcionários que despediram durante o ano? Associações culturais que convidem pobres de cultura para a sua mesa? Eu também ainda não tive a coragem de o fazer! Mas é natal e até se fazem concertos da paz, da solidariedade... para não abusar da palavra NATAL! E muitos... de outros quadrantes de pensamento... nem querem ouvir falar do NATAL... mas porque é natal hão-de vir à televisão encher a boca com esta palavra...
E o sapatinho dos pobres, vazio, ainda à espera que o menino Jesus nasça... no próximo ano... descalço.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Tenho uma arma secreta

Este blog foi visitado pelo ministério da defesa...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Tenho uma arma secreta

Tenho uma arma secreta
ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta
mas dispara em linha recta
mais longe que os foguetões.

Não é Júpiter, nem Thor,
nem Snark ou outros que tais.
É coisa muito melhor
que todo o vasto teor
dos Cabos Canaverais.

A potência destinada
às rotações da turbina
não vem da nafta queimada,
nem é de água oxigenada
nem de ergóis de furalina.

Erecta, na noite erguida,
em alerta permanente,
espera o sinal da partida.
Podia chamar-se VIDA.
Chama-se AMOR, simplesmente.

António Gedeão

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Imagine-se pois...

Imagine-se, pois…Imagine-se um mundo em que a cada um fosse reconhecido o direito de dar, à sua medida, um contributo para a melhoria de vida dos seus coetâneos e que a isso se chamasse participação.Imagine-se um país em que a educação fosse uma responsabilidade primeira e reconhecida das famílias, a quem se reconheceria o direito e a legitimidade de escolherem o modelo educativo mais ajustado aos seus filhos; imagine-se um mundo em que os Estados reconhe-cessem às sociedades mais próximas dos cidadãos (as associações, instituições particulares de solidariedade social, etc.) o legítimo direito de serem veículo de promoção, apoio e acompanhamento das pessoas, não sendo nunca indevidamente substituídas pelo Estado ou sociedades superiores, antes sendo por estes apoiadas e subsidiadas; imagine-se um mundo em que o direito a ter iniciativa não ficasse no mundo de uns poucos que tudo gerem a seu bel-prazer, estabelecendo os preços que mais lhes convêm porque o monopólio assim lhes permite, mas fosse assegurado a todos com igual condição de oportunidade, e que a tudo isto se chamasse subsidiariedade.Imagine-se, ainda, um mundo e um tempo em que todos sentissem como seus os problemas de todos, em que as questões do bem-estar do mundo, do bem-estar das espécies, do bem-estar e direito a viver dos mais frágeis fosse problema de todos e nunca de apenas alguns, e que a isso se chamasse solidariedade…Imagine-se tudo isto… Imagine-se e deseje-se e concretize-se este mundo e estaremos a tornar real o mundo a que deveria aspirar, em primeiro lugar, a Igreja.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

SPE SALVI DE BENTO XVI - IV - a oração

Com alguma “esperança” das pequenas… continuo a ler esta encíclica. A realização da esperança no mundo de hoje, o como(?).
Uma coisa ficou para mim clara: nas 27 vezes que o papa fala de progresso, deixa uma imagem de desconfiança, de desencanto. O progresso parece mesmo causa de falta de esperança no mundo “torna-se evidente a ambiguidade do progresso. Não há dúvida que este oferece novas potencialidades para o bem, mas abre também possibilidades abissais de mal” (!!!).

Então onde se pode fazer a aprendizagem da esperança?

A Oração

Primeiro e essencial lugar de aprendizagem da esperança é a oração.” (…)”O homem foi criado para uma realidade grande ou seja, para o próprio Deus, para ser preenchido por Ele. Mas, o seu coração é demasiado estreito para a grande realidade que lhe está destinada. Tem de ser dilatado”. Esta oração não é isolamento," continua o papa:” não se torna livre só para Deus, mas abre-se também para os outros. De facto, só tornando-nos filhos de Deus é que podemos estar com o nosso Pai comum. Orar não significa sair da história e retirar-se para o canto privado da própria felicidade. O modo correcto de rezar é um processo de purificação interior que nos torna aptos para Deus e, precisamente desta forma, aptos também para os homens. Na oração, o homem deve aprender o que verdadeiramente pode pedir a Deus, o que é digno de Deus. Deve aprender que não pode rezar contra o outro. Deve aprender que não pode pedir as coisas superficiais e cómodas que de momento deseja – a pequena esperança equivocada que o leva para longe de Deus. Deve purificar os seus desejos e as suas esperanças. Deve livrar-se das mentiras secretas com que se engana a si próprio: Deus perscruta-as, e o contacto com Deus obriga o homem a reconhecê-las também. ” A oração do homem deve ser também comunitária, continua: “Para que a oração desenvolva esta força purificadora, deve, por um lado, ser muito pessoal, um confronto do meu eu com Deus, com o Deus vivo; mas, por outro, deve ser incessantemente guiada e iluminada pelas grandes orações da Igreja e dos santos, pela oração litúrgica, na qual o Senhor nos ensina continuamente a rezar de modo justo.” (…) “Assim tornamo-nos capazes da grande esperança e ministros da esperança para os outros: a esperança em sentido cristão é sempre esperança também para os outros. E é esperança activa, que nos faz lutar para que as coisas não caminhem para o « fim perverso ». É esperança activa precisamente também no sentido de mantermos o mundo aberto a Deus. Somente assim, ela permanece também uma esperança verdadeiramente humana.”

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

SPE SALVI DE BENTO XVI - III - o resumo do papa

"Resumamos",
diz o Pontífice no número 30 da encíclica:
O homem, na sucessão dos dias, tem muitas esperanças – menores ou maiores – distintas nos diversos períodos da sua vida. Às vezes pode parecer que uma destas esperanças o satisfaça totalmente, sem ter necessidade de outras. Na juventude, pode ser a esperança do grande e fagueiro amor; a esperança de uma certa posição na profissão, deste ou daquele sucesso determinante para o resto da vida. Mas quando estas esperanças se realizam, resulta com clareza que na realidade, isso não era a totalidade. Torna-se evidente que o homem necessita de uma esperança que vá mais além. Vê-se que só algo de infinito lhe pode bastar, algo que será sempre mais do que aquilo que ele alguma vez possa alcançar.” (…)
Na idade moderna “a esperança bíblica do reino de Deus foi substituída pela esperança do reino do homem, pela esperança de um mundo melhor que seria o verdadeiro « reino de Deus ». Esta parecia finalmente a esperança grande e realista de que o homem necessita.” (…)”Mas, com o passar do tempo fica claro que esta esperança escapa sempre para mais longe.” (…)”apesar de ser necessário um contínuo esforço pelo melhoramento do mundo, o mundo melhor de amanhã não pode ser o conteúdo próprio e suficiente da nossa esperança.” (…)
“Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir. Deus é o fundamento da esperança – não um deus qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto humano e que nos amou até ao fim: cada indivíduo e a humanidade no seu conjunto. O seu reino não é um além imaginário, colocado num futuro que nunca mais chega; o seu reino está presente onde Ele é amado e onde o seu amor nos alcança. Somente o seu amor nos dá a possibilidade de perseverar com toda a sobriedade dia após dia, sem perder o ardor da esperança, num mundo que, por sua natureza, é imperfeito. E, ao mesmo tempo, o seu amor é para nós a garantia de que existe aquilo que intuímos só vagamente e, contudo, no íntimo esperamos: a vida que é «verdadeiramente » vida.”

É estranho que em toda esta análise filosófica sobre a esperança não se faça referência ao Vaticano II (bem a poderia fazer) ou à lembrança de outros documentos papais (nomeadamente Paulo VI e a Populorum Progressio)!

SPE SALVI DE BENTO XVI - II

"Acima de tudo –diz o Papa– O que significa realmente ‘progresso’?". " torna-se evidente a ambiguidade do progresso. Não há dúvida que este oferece novas potencialidades para o bem, mas abre também possibilidades abissais de mal – possibilidades que antes não existiam."(…)
"Sem dúvida, a razão é o grande dom de Deus ao homem, e a vitória da razão sobre a irracionalidade é também um objectivo da fé cristã. Mas, quando é que a razão domina verdadeiramente? Quando se separou de Deus? Quando ficou cega a Deus? A razão inteira reduz-se à razão do poder e do fazer? Se o progresso, para ser digno deste nome necessita do crescimento moral da humanidade, então a razão do poder e do fazer deve de igual modo urgentemente ser integrada mediante a abertura da razão às forças salvíficas da fé, ao discernimento entre o bem e o mal" (…)

"Digamos isto de uma forma mais simples: o homem tem necessidade de Deus; de contrário, fica privado de esperança. (…)Por isso, a razão necessita da fé para chegar a ser totalmente ela própria: razão e fé precisam uma da outra para realizar a sua verdadeira natureza e missão.”
“O recto estado das coisas humanas, o bem-estar moral do mundo não pode jamais ser garantido simplesmente mediante as estruturas, por mais válidas que estas sejam.”
(…)
“Visto que o homem permanece sempre livre e dado que a sua liberdade é também sempre frágil, não existirá jamais neste mundo o reino do bem definitivamente consolidado. Quem prometesse o mundo melhor que duraria irrevogavelmente para sempre, faria uma promessa falsa; ignora a liberdade humana.”

Assim, continua Bento XVI: “Consequência de tudo isto é que a busca sempre nova e trabalhosa de rectos ordenamentos para as realidades humanas é tarefa de cada geração: nunca é uma tarefa que se possa simplesmente dar por concluída.” (…) “as boas estruturas ajudam, mas por si só não bastam. O homem não poderá jamais ser redimido simplesmente a partir de fora.”

Na Spe Salvi, Bento XVI assinala que “devemos constatar também que o cristianismo moderno, diante dos sucessos da ciência na progressiva estruturação do mundo, tinha-se concentrado em grande parte somente sobre o indivíduo e a sua salvação. Deste modo, restringiu o horizonte da sua esperança e não reconheceu suficientemente sequer a grandeza da sua tarefa – apesar de ser grande o que continuou a fazer na formação do homem e no cuidado dos fracos e dos que sofrem."

O Papa recorda em seguida que “Não é a ciência que redime o homem. O homem é redimido pelo amor. Isto vale já no âmbito deste mundo. ” (…) e acrescenta: “Neste sentido, é verdade que quem não conhece Deus, mesmo podendo ter muitas esperanças, no fundo está sem esperança, sem a grande esperança que sustenta toda a vida (cf. Ef 2,12). A verdadeira e grande esperança do homem, que resiste apesar de todas as desilusões, só pode ser Deus – o Deus que nos amou, e ama ainda agora « até ao fim », « até à plena consumação » (cf. Jo 13,1 e 19,30).”

Neste ponto o Sumo Pontífice interroga-se: “não será que, desta maneira, caímos de novo no individualismo da salvação? Na esperança só para mim, que aliás não é uma esperança verdadeira porque esquece e descuida os outros? Não. A relação com Deus estabelece-se através da comunhão com Jesus – sozinhos e apenas com as nossas possibilidades não o conseguimos. Mas, a relação com Jesus é uma relação com Aquele que Se entregou a Si próprio em resgate por todos nós (cf. 1 Tim 2,6). O facto de estarmos em comunhão com Jesus Cristo envolve-nos no seu ser « para todos », fazendo disso o nosso modo de ser. Ele compromete-nos a ser para os outros, mas só na comunhão com Ele é que se torna possível sermos verdadeiramente para os outros, para a comunidade.”

SPE SALVI DE BENTO XVI

Numa leitura, ainda superficial, da nova encíclica papal “SPE SALVI”sobre a esperança cristã, retenho desde já esta citação do nº 22

É necessária uma autocrítica da idade moderna feita em diálogo com o cristianismo e com a sua concepção da esperança. Neste diálogo, também os cristãos devem aprender de novo, no contexto dos seus conhecimentos e experiências, em que consiste verdadeiramente a sua esperança, o que é que temos para oferecer ao mundo e, ao contrário, o que é que não podemos oferecer. É preciso que, na autocrítica da idade moderna, conflua também uma autocrítica do cristianismo moderno, que deve aprender sempre de novo a compreender-se a si mesmo a partir das próprias raízes. A este respeito, pode-se aqui mencionar somente alguns indícios.”

Resta-nos saber se, como habitualmente, a dicotomia entre o saber e o agir não é o verdadeiro escolho….

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Quando sorrio...

Quando sorrio - faço alguém sorrir!
Quando sou feliz - faço alguém feliz!
Quando amo - faço alguém amar!
Quando cresço - faço alguém crescer!
E quando faço tudo isto
O mundo fica melhor!
E quando faço tudo isto
Sinto-me melhor!
E quando faço tudo isto
Recebo mais sorrisos!
Vejo mais felicidade!
Sinto-me mais amado!
E não preciso de dizer em que acredito...
Vê-se no meu olhar...

Missão da Igreja

A primeira missão da Igreja é o anúncio testemunhal de Jesus Cristo, que leva à fé cristã e à inerente adesão pessoal e comprometida ao mesmo Jesus Cristo, na Igreja…, adesão marcada pelo Baptismo e demais sacramentos da iniciação cristã. Proporcionar a todos os crentes, antes ou depois do Baptismo, esta iniciação, que se não reduz ao ensino da doutrina mas implica um processo catecumenal, é, com a evangelização, a tarefa mais urgente da Igreja. Com a educação da fé, e intimamente a ela ligada, vem a sua celebração, no sentido forte da palavra, particularmente na Liturgia. Esta, como diz o Concílio, é a meta para que tende a acção da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força. (…).Por fim, todos os baptizados …, como Igreja, tornam o mundo mais conforme o pensamento de Deus e nele vão construindo a Igreja de Cristo. Mas isto exactamente coloca um desafio pastoral: aprofundar a fé das pessoas e das comunidades, crescendo na compreensão do mistério, no conhecimento da doutrina da Igreja e na experiência da oração. É preciso, igualmente, crescer na consciência da co-responsabilidade apostólica, vivida em diálogo e em espírito de serviço, descobrindo que a pluralidade dos dons, dos caminhos e dos contributos de cada um, vivida na unidade da comunhão, é essencial a toda e qualquer comunidade cristã, para que possa ser dinamizada para a missão
Ora, o lugar prioritário e específico dos leigos é a construção do Reino de Deus no Mundo. O interior da Comunidade pode ser uma nova forma de "fuga mundi"
Sabemos todos, é verdade, teoricamente, que igreja não é uma pura instituição humana, antes um "sacramento, um sinal e um instrumento" de Jesus e de Deus. Apesar disso há os muitos que insistem na velha igreja instituição de Trento!
Há também os vão pelo activismo: preciso é fazer, atingir metas, façamos programas, tracemos objectivos, que parar é morrer, e a actividade salva, negando à Igreja a sua vertente sacramental, e querendo-a uma simples associação de simpatizantes…. (praticantes)!

E perde-se assim a Igreja em puras discussões internas, descredibilizando-se perante o mundo e perante si própria. Tenho assistido e participado, ultimamente em acesos debates acerca do que diz o novo papa, do que fazem os bispos e do que devem ser os padres.
- Não estará a Igreja a esquecer o sua missão fundamental: familiarizar-se com Deus e ser d’Ele testemunha?
- Não estará a esquecer o seu crescimento na igualdade humana e sua dinamização também na sociedade, debatendo-se em chamar mestre e senhor, dentro e fora de si?
- O falso ídolo do endeusamento dos que são bons e maus não estará a atormentar demasiado a Igreja, impedindo-a de crescer no serviço do anúncio?
- E o mandamento novo… onde está…? Onde está o vede como eles se amam?
- Dai de graça o que recebeste de graça e o Senhor fará crescer o número daqueles que amam.
Parece o Governo português… e não só…, mais preocupado com questões internas do que com a sua missão? Mais preocupado em colher impostos do que em usá-los justamente… mais preocupado com os 2,1% de consumo de combustível em Espanha do que em aliviar-lhe a carga fiscal…
Temos um tesouro e preocupamo-nos mais em construir a caixa forte do que em o aministrar…

terça-feira, 27 de novembro de 2007

É o final da vida e o início da sobrevivência.

Hoje não escrevo nada meu....
Deixo-me deliciar...
lambuzo-me...
com uma carta escrita, em 1854, pelo chefe Seatle ao presidente dos EUA, Franklin Pierce, quando este propôs comprar grande parte das terras de sua tribo, oferecendo, em contrapartida, a concessão de uma outra "reserva".
De vez em quando saboreio-a... Hoje transcrevo-a para quem, passando por aqui, e não querendo ler apenas tontices de um velho profeta (muitas vezes da desgraça), possa ler ou reler...

No fim levante-se, e agradeça ao seu Deus, seja ele qual for... (e se não o tiver pense porquê)... as sábias palavras colocadas na voz deste homem selvagem(!)

Desculpem o tamanho do texto (sei que não estamos na era da quantidade) mas vale o esforço...

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, com é possível comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrada para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das arvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do potro, e o homem - todos pertencem a mesma família.
Portanto Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil.
Essa terra é sagrada para nós.Essa água brilhante que escorre nos riachos não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se que ela é sagrada e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida de meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.Os rios são nossos irmãos e saciam nossa sede.
Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há lugar quieto na cidade do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o deabrochar das flores na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez porque eu sou um selvagem e não compreenda. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o canto solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo.
O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio verão limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se verdermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro aspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição, o homem branco deve tratar os animais dessa terra como irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planîcie, abandonados pelo homem branco que o alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecermos vivos.
O que é os homens sem os animais? Se todos os animais se fossem os homens morreriam de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.Isto sabemos: a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisa estão ligadas como o sangue que une a família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fazer ao tecido, fará a si mesmo.Mesmo o homem branco cujo Deus caminha e fala como ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídos por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia?

Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Amamos o que fazemos?

A maior parte da nossa vida pensamo-la em termos de êxito. A sociedade estabeleceu, com todo o carinho, um padrão pelo qual mede o nosso sucesso e o nosso insucesso. Se amamos uma coisa e a fazemos com todo o nosso ser já não nos importamos com o êxito. Ou o fracasso. Tudo o que nos importa é perceber os factos e compreender o problema. Então não temos de pensar no sucesso. Só quando não amamos o que fazemos pensamos nestes termos.