terça-feira, 21 de agosto de 2007

Ex-padre no desemprego

A propósito da notícia do DN de 28 de Junho de 2007 http://dn.sapo.pt/2007/06/28/cidades/lei_canonica_deixa_expadre_desempreg.html

Quero deixar no meu blog o comentário que fiz no blog dos padres inquietos.

Enfrenta dificuldades económicas” e não as enfrenta o Zé, O Manel, o licenciado e o analfabeto que estão no desemprego?
Esta é uma questão do homem da actualidade e o Francisco não é diferente. A pergunta será: que fazer de tantas pessoas que neste momento nem RSI… recebem nem são notícia (ainda bem) por não terem sido ex-padres?
Compete-me a mim, a ti, às instituições, à Igreja e ao próprio estado, colaborar na resolução de tantos problemas como este.
Por ter sido padre quer tratamento especial? Mesmo sendo ex parece continuar a ter uma atitude muito clerical....

Curso de teologia, de filosofia, de história, de literatura… de e de… e sem poder exercer aquilo para que estudou… feliz do licenciado em filosofia que é varredor de ruas e faz isso como se fosse a única coisa possível, desempenhando bem a sua profissão… e tanto licenciado em medicina, em enfermagem, em direito … exercendo tão mal aquilo para que foi preparado mesmo tendo a sorte de o exercer…

A liberdade. Não foi o Francisco livre de escolher? Foi e escolheu. São estas as regras do jogo e não nos podemos queixar das regras quando vamos jogar e as aceitamos. São injustas? Talvez… vamos então tentar mudá-las. O celibato é uma regra que talvez deva ser mudada. … louvor à honestidade do Francisco na decisão! Crítica e desaprovação àqueles padres que mantêm situações dúbias por conveniência e falta de coragem.
O uso da liberdade supõe o aceitar das consequências. Francisco, não admitas nem queiras ser coitado. Sê grande na decisão e no assumir das consequências.

A igreja “Aliás, aquilo que o bispo açoriano teve a iniciativa de fazer em seu benefício - a indicação para o lugar de professor de Educação Moral e Religiosa em dois estabelecimentos de ensino na ilha de São Miguel - recusou, por não aceitar que o caso lhe tivesse sido posto como "um favor e excepção". A falta de humildade também não é lá muito cristã.

O que me parece que deve ser tido em conta é a incapacidade da igreja de aproveitar pastoralmente este e tantos outros casos de homens de fé, com o seu saber e saber fazer. Mas também leigos divorciados, mal casados, casados segunda vez… aí está a cegueira, a teimosia, o anátema, o zelo rigorista excessivo e prejudicial no entendimento da PESSOA. Não sei se Francisco é homem de fé… compete à igreja, aos cristãos ajudar o Francisco sem condenações, anátemas, excomunhões, integrando-o na comunidade e aceitando o que ele tem para dar e receber. A integração na comunidade é o papel da igreja... o perdão... o "ninguém te condenou"...

Abraço, Francisco. Ser cristão é muito mais do que exercer o curso de teologia… quantos padres mesmo com o curso de teologia, mesmo estando no activo, ao serviço, dando-se por inteiro... não passaram já fome e tiveram de ser pedreiros, metalúrgicos etc. para terem sustento e assim poderem continuar a exercer o ministério? Quem tem ouvidos para ouvir… oiça.

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